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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Actos de devoção e dissipação-1

Seria fastidioso mencionar todos as visitas que D.João V e D.Maria Ana e outros membros da família real faziam a igrejas e conventos, pois eram praticamente diárias.

Nessa época o sagrado e o profano misturavam-se, as procissões e o Carnaval andavam lado a lado.

D.João V transformou alguns desse hábitos, abolindo alguns elementos de carácter mais popular e revestiu-os de maior luxo e grandiosidade, na decoração das ruas. O chão onde passavam as procissões, por exemplo a do Corpo de Cristo, era alcatifado com ervas agradáveis ao olfacto e flores, mandado armar as paredes de sedas e toldos de damasco.

Aquilo que anteriormente era um espectáculo para o povo, que se divertia com os carros e as danças oferecidas pelas corporações de ofícios, passou a ser uma manifestação do poder régio, consolidado pela patriarcal.

Todas as confrarias e irmandades das paróquias da corte tinham que participar, exigindo que pelo menos este ritual se espalhasse pelo Império, sobretudo no Brasil.

Segundo o critério absolutista da sua época, em traços gerais pode dizer-se que o rei aumentava as despesas que entendia fazer, com a procissão do Corpo de Deus, mas quem pagava eram os munícipes via impostos camarários, que não paravam de subir.

A musica religiosa foi a que mais atraiu o monarca, que tudo fez para melhorar o nível da sua capela real. Foram contratados cantores italianos, que chagaram a ser em 1730 mais de 30 elementos, tendo contratado Domenico Scarlatti, um compositor barroco, para mestre dos seus filhos.Assim se reforçava o naipe de músicos italianos, na corte portuguesas.

Tendo pensado em construir um novo edifício para a Patriarcal, mandou vir a Lisboa um arquitecto muito conhecido de nome Filipe Juvara, que foi principescamente recebido, fez os seus estudos e passados 3 dias zarpou para Inglaterra, não sem antes ter recebido mercê de 2500 cruzados de tença anual, com o habito de Cristo guarnecido de diamantes.

Ao que parece o orçamento de Juvara requeria além duma avultada soma de milhões, um prazo de cerca de 30 anos para ser concretizado.

Segundo se disse na altura o rei só achou dilatado o prazo de construção, pelo que a obra não foi concretizada, ficando-se por mandar fazer algumas reparações na que já existia.

Pelo vistos o projecto falhado de Santana Lopes em Lisboa, para o parque Mayer, nos nossos dias, não foi caso único na dolorosa história da dissipação inútil de recursos em Portugal.

As pequenas reparações na Patriarcal já existente , tornaram-se praticamente uma obsessão para D.João V, sendo difícil avaliar quanto foi gasto, nessa reconstrução.Dizia um estrangeiro Merveilleux na sua obra "O Portugal de D.João V" que, "só os paramentos preciosos e a prata destinados ao serviço da igreja patriarcal, absorveram as riquezas de muitas frotas do Brasil".

Numa pia baptismal mandada fazer em Itália, embutida de pedras preciosas, foi gasta uma substancial quantia, mas não foi só na decoração interior que se gastaram quantias astronómicas, também por fora se fizeram modificações urbanísticas, para que o espaço exterior ficasse mais imponente.

D.João V não poderia saber que o seu esforço de construção, a sua paranóia da Ribeira das Naus , haveria de ficar completamente destruída em 1755

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Os meios-irmãos do Rei

Tal como D.João V, já seu pai D.Pedro II, num papel por si assinado em 1704, declara que tivera dois filhos fora do casamento e tal como seu filho, também afirmava que eram filhos de "mulheres desobrigadas e limpas de toda a nação infecta".

Consta nas memórias do conde de Povolide que também havia sido pai de um filho de "cor parda", que se tornara padre e que claro nem pela cabeça do rei passou sequer a ideia de a ele se referir.

D.Luísa nascera a 9 de Janeiro de 1679, quando ele ainda era casado com D.Maria Francisca de Sabóia, foi educada em casa dum secretário de Estado, passou por um convento em Carnide vindo mais tarde casar com um filho do duque de Cadaval.

Só nessa altura foi reconhecida pela rainha D.Maria Sofia e tratada pela corte como filha do rei. Foi o único filho ilegítimo a ser reconhecida pelo pai em vida deste
.
D.Luísa era filha de Maria Carvalho, "moça de varrer", criada de uma dama da câmara, e também ela "limpa de sangue", que entrou para o Convento de Santa Mónica, (como quem diz aprisionada no convento), pois não sendo religiosa, por ali ficou quando el-rei se cansou dela.

D.Luísa enviuvou e mais tarde voltando a casar com um cunhado, acabando por enlouquecer e morrer aos 54 anos.

D.Miguel que D.Pedro II declarou á hora da morte ser sua mãe uma francesa de nome Ana Armanda du Verge, moça da câmara.e dama da rainha D.Maria Francisca Isabel de Sabóia, e D.José que era filho de Francisca da Silva, cujo pai era tanoeiro, mas tudo "gente limpa de sangue"

Quando D.Pedro morreu, esse filhos tinham 7 e 3 anos respectivamente,estavam a ser criados em casa de Bartolomeu de Mexia para quem ele pediu a D.João V lhe concedesse mercês, que com tanto zelo cuidava de seus irmãos.

Foram estes irmãos sempre tratados por D.João V, conforme seu pai havia preconizado.

D.Miguel haveria de casar em 1715 com D. Luísa Casimira de Nassau e Ligne, filha do príncipe Carlos José Ligne, e herdeira da casa de Arronches. Deste casamento nasceram os duques de Lafões D. Pedro e D. João, e a marquesa de Cascais, D. Joana Perpétua de Bragança .

D. Miguel tinha apenas 20 anos quando, andando a passear no Tejo, em 13 de Janeiro de 1724, se virou o bote que o conduzia, e naufragou, morrendo afogado. Muitos dias correram sem aparecer o cadáver, até que vindo à praia no dia 5 de Fevereiro, foi sepultado com a pompa costumada na igreja do convento de S. José de Ribamar.

D.José seguiu a carreira eclesiástica, estudando primeiro em Évora, tendo depois chegado ao arcebispado de Braga.



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

A Raínha D.Maria Ana de Austria


(retrato de D.Maria Ana da Austria)

Nasceu em Lintz a 7 de Setembro de 1683, faleceu. no paço de Belém a 14 de Agosto de 1754. Era filha do imperador Leopoldo e de sua terceira mulher, a imperatriz D. Leonor Madalena Teresa de Neuburgo, irmã do imperador José, então reinante.

Como era tradição, as rainhas de Portugal, dispunham além de rendimentos próprios, de servidores distintos daqueles que serviam o rei.

A Rainha D.Maria Ana da Austria, era uma personalidade muito forte, de grande austeridade e católica fervorosa.Desde logo decidiu controlar as presenças masculinas em sua casa.determinando "que nas antecâmaras as fidalgas não assistentes no Paço, não falem com homem algum ainda que sejam parentes muito chegados".

Para as que viviam no Palácio a regra era outra "podiam falar só a pais e irmãos e tios irmãos dos pais", mas mesmo assim só na presença de uma dona de câmara.
Naturalmente oriunda de uma País de grande tradição cultural, organizava saraus em seus aposentos, com assistência restrita, em que ela própria tocava cravo.

A rainha era uma boa mãe que educava os filhos com inexcedíveis cuidados, porém não isenta de exageros, nomeadamente no que toca aos aspectos religiosos, como por exemplo o de o seu primeiro filho, D.Pedro, ter sido sepultado, quando morreu apenas com 2 anos e pouco, com o habito da Companhia de Jesus, por ser esse o vestuário que normalmente envergava em vida.

Imagine-se pois uma criança de 2 anos, vestido de jesuíta para homenagear S.Francisco Xavier de quem a rainha era devota.

Na Quaresma, "correr as igrejas", era uma prática de devoção para a rainha, acompanhada pelas damas da sua casa real e elementos femininos da família.Mesmo fora dessas época as visitas ás igrejas eram constantes, Madre de Deus,Esperança e São Roque, as mais visitadas.

Aos domingos costumava divertir-se nas" faluas pelo Tejo abaixo", acompanhada com música de "clarins e atabales", mas esses passeios ainda que pelo campo, acabavam invariavelmente na visita a um convento.

Tudo servia de pretexto para visitas a igrejas e conventos, quando aos 2 anos de idade, o infante D.José foi desmamado, logo a rainha o foi oferecer a S.Francisco Xavier à igreja de São Roque.

Como curiosidade lembre-se que nesta época, o período de amamentação durava geralmente até aos 3 anos e nunca as mulheres de condição nobre e muito menos as rainhas amamentavam os seus filhos. Essa tarefa era entregue a mulheres de condição plebeia, que após terminado o serviço de amamentação voltavam ás suas anteriores casas.

A rainha adorava as montarias , por exemplo em Fernão Ferro, onde se caçavam javalis e raposas. Depois armavam-se tendas para o jantar e o regresso a Lisboa.

Jantares que segundo reza a Gazeta de Lisboa, não eram restritos, toda a gente comia "entre duas fontes de vinho, em que comeram todos os criados inferiores que ali se acharam e depois se expôs tudo ao povo". Enfim uma despesa superior a um conto de réis.

Fundou o convento de S. João Nepomuceno em Lisboa, onde quis ser sepultada num magnífico mausoléu, e como era muito amiga da sua pátria recomendou no testamento que o seu coração fosse levado para o jazigo dos seus antepassados na Alemanha.

O colégio de Santa Catarina, ocupa hoje esse antigo complexo conventual, consagrado à devoção do santo trazido pelos religiosos Carmelitas Descalços Alemães e que actualmente dá o nome ao largo onde se situa o colégio. A igreja foi decorada com frescos e pinturas, alegóricas ao seu patrono, da autoria de um grande pintor do período artístico joanino – Pedro Alexandrino de Carvalho.

Testemunho da sua beleza e esplendor é ainda hoje a existência de uma imagem de João Nepomuceno de grandes dimensões que estava colocado no frontispício da igreja e que actualmente se encontra no átrio (antigo Claustro) do colégio.

Anos mais tarde, em 1737, este complexo conventual foi reconstruído pelos arquitectos Carlos Mardel e Machado de Castro.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

D.João V um rei Absolutamente ... freirático



(O Palácio Pimenta, edifício da primeira metade do século XVIII, obra de Ludovici ou Carlos Mardel alberga hoje o Museu da Cidade.)

Nos séculos XVII e XVIII, a inclinação religiosa não era uma das razões mais importantes para trancar uma jovem num convento. Um espírito rebelde, uma natureza sensual, um amor inaceitável ou uma gravidez ilegítima eram motivos mais comuns. Sem a vigilância familiar, da sexualidade enclausurada brotavam êxtases místicos, auto flagelações e até os amores entre freiras e seculares Uma das principais razões, é o prazer pela transgressão das regras ditadas pela Igreja, que mantinha então a sociedade portuguesa sob a Inquisição. A violação do espaço conventual era um acto político contra o poder da Igreja.
Uma subversão da qual o próprio rei João V participava. Enquanto, pressionado por seus auxiliares, desencadeava dura perseguição contra os freiráticos, o rei enfeitava de ouro brasileiro, para seus encontros com madre Paula, uma alcova ligada ao convento de Odivelas por uma passagem secreta. O rei não estava só em sua preferência por amantes de hábito. Muitos nobres suspiravam diante das grades ou pulavam muros dos conventos. O fascínio do proibido, as dificuldades da sedução tornavam ainda mais aliciantes as conquistas.
A mais famosa delas foi, sem dúvida, Madre Paula, talvez a freira mais conhecida do mosteiro. Paula Teresa da Silva e Almeida nasceu em Lisboa em 30 de Janeiro de 1718. Era neta de João Paulo de Bryt, um alemão que fora soldado da guarda estrangeira de Carlos V e se estabelecera em Lisboa como ourives. Paula entrou para o convento de Odivelas aos 17 anos de idade, e ali professou, após um ano de noviciado.
Frequentador assíduo do convento de Odivelas, D. João V mantinha várias amantes que ia substituindo conforme lhe era conveniente. Quando encontrou a jovem madre ficou loucamente apaixonado por ela. Nessa altura, a freira Paula já era famosa: havia se tornado amante de D. Francisco de Portugal e Castro, Conde de Vimioso, e que pouco antes tinha sido agraciado com o título de Marquês de Valença. D. João V não teve problemas para resolver a situação. Ele chamou o fidalgo e disse-lhe: "Deixa a Paula que eu te darei duas freiras à tua escolha". Assim, Paula passou a ser amante do rei que era trinta anos mais velho do que ela. Madre Paula exercia uma influência imensa sobre o rei. Quem precisasse de um favor real já sabia que a maneira mais segura de conseguir: era só recorrer à valiosa protecção da Madre Paula, a quem o soberano visitava todas as noites.

Das numerosas amantes de D. João V, Madre Paula foi a única que soube dominá-lo até à morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela como com a sua família.

O Palácio Pimenta onde se encontra o Museu da Cidade de Lisboa no Campo Grande foi mandado construir por D. João V para a sua amante.(ver foto)

O pai de Paula chegou a ser agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo, a receber uma tença de doze mil reis e outros benefícios que lhe permitiram viver tranquilo.

O luxo em que vivia Paula no convento de Odivelas foi bem reproduzido em um documento da época, por Ribeiro Guimarães no seu Sumário de Vária História, onde descreve a magnificência asiática dos aposentos da madre Paula e sua irmã. Para servi-la, Madre Paula tinha nove criadas.
Do romance entre Madre Paula e D. João V nasceu um menino que foi baptizado com o nome de José, como o príncipe herdeiro, e que mais tarde veio a exercer as funções de inquisidor geral.

A vida desregrada do rei escandalizava não só a corte como também os súbditos mais humildes. Mas ninguém se atrevia a repreender as atitudes de D. João V. Para se fazer uma ideia da moralidade desse tempo, basta recordar o que disse a abadessa D. Feliciana de Milão, às damas da rainha que não se levantaram, como lhes competia, à sua passagem. "Não se levanta de graça quem se deita por dinheiro".
Após a morte do rei, que lhe deixou uma mesada principesca, Madre Paula continuou no seu recolhimento, recebendo os grandes que ainda se aproximavam. Assim se conservou ainda durante trinta e cinco longos anos, com a altivez de uma soberana em exílio. Faleceu, em 1785, aos 67 anos de idade e foi sepultada na Casa do Capitulo do Convento de Odivelas. Entretanto, vários nobres haviam recebido em 1724, ordem para assinar o compromisso de não visitar os conventos de freiras, a não lhes escreverem, nem lhes fazerem acenos da rua. Chegando mesmo a serem anunciados propósitos de penas prisão e de degredo. Tratavam-se apenas de leis para controlar o comportamento dos freiráticos, não o seu, claro, um rei absoluto está acima desses detalhes.

Os meninos de Palhavã e ... outras mais

(imagem do palácio dos Meninos de Palhavã)

Após a doença que o atingiu em Maio de 1742, D.João V mandou por intermédio do cardeal da Cunha, consultar o jesuíta da Companhia de Jesus o padre José da Costa, para saber se "era obrigado em consciência a declarar por filhos seus ilegítimos, os três senhores que se educaram em S.Vicente e em Santa Cruz de Coimbra".

Perante a reposta afirmativa do jesuíta e de mais alguns ilustres que consultou, decidiu o rei, declarar 3 filhos adulterino.Nessa declaração afirma que eles não eram filhos da mesma concubina, mas todas elas "mulheres limpas de todo o sangue infecto".

Nesse documento firmado em 1742, mas só publicado em 1752 após a sua morte, se declarava afinal o que já toda agente sabia, "os meninos de Palhavã" eram seus filhos.

A expressão deriva do facto de terem habitado no palácio dos marqueses de Louriçal , situado na zona de Palhavã , na altura arredores de Lisboa, mas que hoje se situa em plena cidade (o edifício - denominado Palácio da Azambuja - é hoje a Embaixada de Espanha em Portugal, sendo também conhecido por "Palácio dos Meninos de Palhavã").

Eram eles:

  • D. António (n. em Lisboa, a 1 de Outubro de 1704; f. na capital, a 14 de Agosto de 1800; sepultado no claustro do S. Vicente de Fora), filho de uma francesa. Tendo obtido o grau de doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra. Esteve desterrado no Buçaco, por ordem de Pombal, de 1760 a 1777.
  • D. Gaspar (n. em Lisboa, a 8 de Outubro de 1716; f. em Braga, a 18 de Janeiro de 1789), filho de D. Madalena Máxima de Miranda. Foi o segundo «Menino de Palhavã». Exerceu o múnus de arcebispo de Braga, de 1758 à data da sua morte;
  • D. José (n. em Lisboa, a 8 de Setembro de 1720; f. na mesma cidade, a 31 de Julho de 1801; sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora), filho da Madre Paula, freira em Odivelas. Foi doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra e inquisidor-mor em 1758. Esteve desterrado no Buçaco, com seu irmão D. António, de 1760 a 1777, por ordem do Marquês de Pombal

Menos sorte teve contudo outra filha de nome Maria Rita, pelo facto de ser mulher, não constou do "requerimento de paternidade", assinado pelo rei em 1742. Era filha da "Flor de Murta", assim se alcunhava a mãe D.Luísa Clara de Portugal, dama da casa da rainha.

Eventualmente nascida em Maio 1731, professou no convento de Santos até à morte, em data que se ignora.

Também como fruto da sua relação com D.Filipa de Noronha, filha do marquês de Cascais, terão gerado uma filha,nascida em Maio de 1710, no convento de Santa Clara, para onde D.Filipa terá sido desterrada.

A criança durou pouco tempo, enquanto o destino de sua mãe parece traçado numa carta existente na Biblioteca do Palácio da Ajuda, onde alude ás promessas de casamento do rei não cumpridas, mas termina dizendo "Peço a V.Majestade licença para professar no convento onde morreu Santa Teresa de Jesus. que assim como o amor de V.M. me desterrou do Paço, quero que a sua ingratidão me extermine do Reino"


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Coroação e casamento real

  • Em 1 de Janeiro de 1707, realizou-se o levantamento e juramento de D. João Francisco António José Bento Bernardo, como 24º rei de Portugal, com o título de D.João V, o Magnânimo, o Rei-Sol Português, ou ainda num epíteto muito mais irreverente como o Freirático, pela sua obsessão sexual por freiras, como se anotará mais adiante.
  • Quando subiu ao trono o reino estava em guerra contra a Espanha e a França, em resultado da liga, que seu pai havia feito com o Imperador da Alemanha, Inglaterra e a Holanda pela sucessão do trono espanhol, por apoio ao arquiduque Carlos.
  • Na sequência de acordo já feito por seu pai, iniciaram-se logo em Dezembro de 1708, os festejos do seu casamento com D.Maria Ana da Áustria
  • Grande sumptuosidade nas festas do casamento, durante vários dias, mesmo com as dificuldades financeiras provocadas pela guerra (bem nossa esta característica). O povo esse como habitualmente regressaria "aos feijões e ao bacalhau", como quem diz que depois da ostentação real o povo voltaria ao seu pobre quotidiano.
Relato da chegada da Rainha e do casamento real retirado do Portal da História

Na viagem para Portugal tocou em diversos portos, realizando-se sempre pomposas festas, até que em 26 de Outubro chegou a Lisboa, onde teve uma imponentíssima recepção. No paço da Ribeira houve serenatas e músicas. No Terreiro do Paço queimaram-se fogos de artifício, e armou-se um anfiteatro, onde em três tardes sucessivas se realizaram corridas de touros. No dia 22 de Dezembro, seguidas dum pomposo cortejo, foram as pessoas reais e toda a corte à Sé, onde se cantou um solene Te -Deum.

No Anno Histórico do Padre Francisco de Santa Maria, vol. II, pág 334 e seguintes, vêem minuciosamente descritas as esplêndidas festas, os deslumbrantes cortejos e cerimónias, que se realizaram em Viena de Áustria e em Lisboa, assim como a descrição do dote da rainha. do contrato do casamento, e de muitas ofertas feitas pelo imperador da Áustria às pessoas que compunham a embaixada portuguesa

Morte de D.Pedro II

  • Num domingo a 5 de Dezembro de 1706, D.Pedro II, dizem uns depois da missa e outros depois da caça, recolheu numa quinta em Alcântara, que lhe havia sido cedida, por obras no palácio, "alguma coisa aquebrantado" onde depois "lhe sobreveio grande febre com uma sonolência invencível", não bastando para o acordar, a enorme quantidade de ventosas e de outros remédios que se julgou conveniente aplicar-lhe.

  • Reconheceram os médicos "a grande debilidade da cabeça", tendo-o purgado com o famoso extracto de agárico. Parece que "obrou copiosamente", mas foi necessário sangrá-lo novamente e por duas vezes nos pés, "porque havia uma sezão muito grave".

  • Mais tarde uma "pontada que lhe deu da banda esquerda", que alguns chamaram de "pleuriz bastardo".
  • As sangrias não paravam, mas as aflições e as dores não passavam, levaram à conclusão, que o fim se aproximava.

  • Após um sofrimento de 4 dias, D.Pedro II morre no dia 9 de Dezembro de 1706.

  • Conforme prática na época, com os reis defuntos, D.Pedro foi embalsamado

  • Existe relato minucioso sobre as entranhas reais tipo "O bofe estava todo negro" ou "a pleura do lado esquerdo estava esfacelada com uma grande porção de sangue gumoso". mas uma informação mais restrita diria que "se lhe acharam 23 pedras de fel e também um bolso de matéria em outra parte".

  • Também como era norma os intestinos retirados durante o processo, foram devidamente enterrados em local diferente do corpo embalsamado, foram para o mosteiro das Flamengas em Alcântara.

  • Foi enterrado no convento de São Vicente de Fora.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Infância e aprendizagem


  • Nasceu em Lisboa, no paço real no dia 22 de Outubro de 1689 filho segundo de D.Pedro II e de D.Maria Sofia de Neuburg, baptizado no mesmo ano a 19 de Novembro

  • A sociedade da corte reconhecia que nos primeiros tempos da fase da vida dum futuro rei, deveria a sua educação ser entregue a mulheres, só mais tarde entrariam em cena os elementos masculinos.

  • O papel de sua mãe foi pouco influente na educação dele e de seus irmão. Alemã, distante e pouco simpática com humor difícil, afastava de si as pessoas, vivendo com alguma tristeza.No princípio de casada, gostava muito de beber vinho e jogar, mas D.Pedro repreendeu tantas vezes e com tanta severidade que se viu obrigada a abandonar esse prazeres.
  • Com o tempo tornou-se devota, passando a maior parte do tempo nos conventos.
  • Extremamente ciumenta, nos seus ataques de mau génio tratava mal toda a gente, incluindo os próprios filhos.Atendendo aos filhos ilegítimos do rei, os referidos ciúmes não eram de todo infundados.
  • D.Maria Sofia de Neuburg morreu em 4 de Agosto de 1699 com apenas 33 anos, tendo D.João apenas 10. Sua tia D.Catarina, rainha de Inglaterra, regressada a Portugal depois de enviuvar,assumiu em princípio a educação do sobrinho, pelo menos até á sua morte em 1705.

  • Duma forma geral as informações recolhidas, não parecem indicar, que D.João tenha tido uma educação muito cuidada.Entregue a alguns padres jesuítas.

  • Bastante influente nessa educação foi a do Inquisidor-geral do Santo Ofício, D.Nuno da Cunha de Ataíde e que terá marcado D.João para o resto da vida.

  • Seu pai, resolveu arma-lo cavaleiro da Ordem de Cristo, apenas com 7 anos.

  • Em 1 de Dezembro de 1697, o rei convoca cortes para o fazer jurar sucessor da coroa.

  • A sua irmã D.Teresa, morreria em 1704,vitimada por bexigas malignas (Varíola), como tantas outras da sua idade. Esta doença, só seria debelada por efeitos de vacinação em finais do século XVIII, após a descoberta por Janner