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terça-feira, 29 de maio de 2007

Alexandre de Gusmão, embaixador em França


A corte francesa significava para D.João V o "sol" da sua existência que procurava sempre imitar, pelo que a nomeação dum embaixador, na altura chamava-se agente diplomático, para aquele País requeria algum cuidado na escolha da pessoa a nomear.

Em Fevereiro de 1717 nomeia um brasileiro nascido em Santos, Alexandre de Gusmão para esse cargo.

Pessoa de larga cultura diversificada quer pelo conhecimento de várias línguas, estudioso de matemática e filosofia experimental, estudou teologia em Coimbra que interrompeu quando embarcou para França como secretário do Conde da Ribeira Grande na sua missão de embaixador.

Aproveitou o tempo para estudar direito em Sorbonne.

Após alguns anos em Roma, regressou a Portugal tornando-se secretário do Rei.
O papel de secretário particular que primeiramente desempenhou, era de extrema importância junto do Rei, como seu principal conselheiro, tratando da correspondência, que se não limitava a redigir em nome do Rei, pois frequentemente apresentava pareceres sobre os mais variados assuntos, desde o sistema de capitação a ser aplicado nas minas de ouro do Brasil, até à questão da saída de ouro para outras nações europeias, sobretudo para Inglaterra.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

A batalha do cabo de Matapão


No final do ano de 1716 o Papa volta a pedir a D.João VI para que no ano seguinte não deixasse de tornar a mandar a sua armada em auxílio de Veneza.

A anuência de D.João VI ao pedido, determinou que fossem iniciados imediatamente os preparativos necessários, de tal modo que em 28 de Abril de 1717 o conde de Rio Grande do Sul fez-se ao mar comandado uma esquadra composta pelos seguintes navios: 7 naus, 2 navios brulotes, 2 navios auxiliares, totalizando 526 canhões e 3840 homens de guarnição. O que significaria uma força naval já de alguma importância.

Desta vez o conde de Rio Grande dirigiu-se directamente para a Sicília, fundeando em Palermo a 24 de Maio. Dali seguiu para Messina, onde chegou a 30.

A 10 de Junho lançava ferro em Corfu, onde já se encontravam as esquadras de remo de Veneza, do Papa, do grão-duque de Florença e da Ordem de Malta, sob o comando de André Pisani, a quem o Sumo Pontífice havia nomeado generalíssimo da armada cristã.

A armada cristã era constituída por trinta e cinco naus, quatro brulotes, três corvetas, tartanas ou setias, vinte e três galés e quatro galeaças que eram de Veneza.

Das trinta e cinco naus, vinte e seis eram venezianas, sete portuguesas e duas da Ordem de Malta; das vinte e três galés seriam doze de Veneza, cinco de Malta, quatro do Papa e duas do grão-duque de Toscana.

Logo que começou a clarear pôde ser vista distintamente a armada turca que fechava por completo a enseada de Hapan, onde se encontrava a armada cristã.

Era aquela constituída por vinte e duas grandes naus turcas, algumas delas com cerca de cem peças, e por vinte e uma outras mais pequenas de Alexandria, Tunes e Argel, além de nove galés, alguns brulotes e outros navios mais pequenos.

A batalha, apesar de ter sido travada no interior da enseada de Hapan, que fica a cerca de vinte e cinco milhas a NE do cabo Matapão, passou à História com o nome deste.

A batalha do cabo Matapão de 1717 terá sido também uma das últimas grandes batalhas navais da História em que tomaram parte galés em grande número, as quais, de resto, para nada mais serviram do que para dar reboque às naus por ocasiões de calma.

A armada turca acabou por retirar, depois de muito fogo disparado, mas que as condições de fraco vento determinaram que a mesma se desenrolasse de uma forma muito estática, com pouca movimentação de navios.

Como o comando de Pisani, não mostrou interesse em perseguir o inimigo o conde de Rio Grande,decidiu recolher ao porto de Corfu,tendo aquele insistido com o conde, para que se deixasse ficar ali durante mais algum tempo para prevenir a hipótese de os turcos virem procurar novo encontro com a armada cristã. Mas o conde recusou, alegando que tinha diante de si uma longa viagem para regressar a Portugal e que antes disso tinha necessidade de reparar os seus navios.

Após feitas as reparações em Messina,iniciou a viagem de regresso a Lisboa, onde chegou a 6 de Novembro de 1717.

Sob o ponto de vista estratégico, a batalha do cabo Matapão não teve qualquer repercussão sobre o desenrolar da guerra, continuando os Turcos, como anteriormente, senhores absolutos do mar Egeu.

(ver detalhes sobre a batalha em
http://www.marinha.pt/Marinha/PT/Menu/DescobrirMarinha/Historia/combates_navais/Cabo+Matapao.htm

terça-feira, 1 de maio de 2007

As relações com a Santa Sé-O Patriarcado


(Coche da embaixada enviada por D. João V ao papa Clemente XI )

Quando em 7 de Novembro de 1716 o papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, criando o patriarcado de Lisboa, foi esta honra uma das poucas concedidas até então, pois os únicos com relevância histórica são os de Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria.

Estabeleceu-se também uma divisão eclesiástica com duas jurisdições, o arcebispado na sé velha e o patriarcado na capela real, sucedendo-lhe uma divisão administrativa, ficando a cidade ocidental com 22 freguesias e cerca de 700 ruas e duas praças a do Rossio e a do Terreiro do Paço, bem como os templos que chegavam a 124.

Na cidade oriental ficava a parte mais antiga contida dentro das muralhas, com cerca de 300 ruas, 16 freguesias e cerca de 39 igrejas, ermidas e vários conventos.

Esta divisão durou até 1740 em que foi reunificada. Sucederam-se até hoje dezasseis patriarcas à frente da Igreja lisbonense, de D. Tomás de Almeida a D. José Policarpo.

Os patriarcas de Lisboa são sempre feitos cardeais no primeiro consistório a seguir à sua nomeação para esta Sé.

Esta bula papal In suprema apostolatus solio, insere-se numa política de prestígio da coroa , procurando colocar as relações entre Portugal e Santa Sé ao nível das de outras grandes potências.

A ajuda naval acedendo aos pedidos de Clemente XI e uma faustosa embaixada enviada ao Papa, inseriu-se nesse plano diplomático de D.João V

A 8 de Julho de 1716 entrou na Santa Sé essa embaixada, liderada pelo Marquês de Fontes, D. Rodrigo de Meneses.

Esta embaixada pretendia mostrar a magnificência do Poder Real de quem dominava um vasto império. Dado o luxo e a magnitude deste cortejo, durante muitos anos nenhum outro monarca ousou enviar embaixadas ao Vaticano. Era constituída por 5 coches temáticos e 10 de acompanhamento. Três desses coches temáticos encontram-se no Museu Nacional dos Coches.

Tratou-se dum cortejo temático, tratando da conquista da navegação, das nações bárbaras vencidas e também do comércio posteriormente estabelecido.

No cortejo iam mais de 30 prelados, grande numero de pessoas de destaque, embaixadores príncipes que desfilaram em mais de 300 carruagens.

Na audiência papal, o Marquês de Fontes entregou-lhe uma carta credencial, dando-lhe conta do nascimento de D.José , lembrando também, o precioso socorro que enviara contra o "ataque do poder otomano".

D.Rodrigo de Meneses havia demorado 3 anos a preparar esta importante missão que lhe fora entregue.

Mesmo assim as relações diplomáticas com a Santa Sé não foram sanadas, mantendo-se a divergência acerca duma longa e complicada questão envolvendo o cardeal de Antioquia, Maillard de Tournon e as suas decisões sobre as interdições do culto rendido a Confúcio, que Clemente XI apoiava e que se mantinha preso em Macau, por pressão do Imperador da China.