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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Acontecimentos no ano de 1734

A ideia pré-concebida que D.João V foi apenas um rei gastador, que desbaratou o ouro e os diamantes do Brasil apenas em obras inúteis e espalhafatosas é completamente errada, porque a sua preocupação em desenvolver indústrias também foi evidente, como neste blogue modestamente se têm tentado demonstrar

Em 5 de Outubro de 1734 foi lavrada uma escritura a favor dum francês de nome Robert Godin, para estabelecer uma fábrica de sedas em Lisboa, que viria a ter as suas primeiras instalações na Fonte Santa, estabelecendo-a depois ao fundo da Rua de S. Bento (1737) finalmente mudou-a para o Rato em 1738.

Algumas originalidades à francesa, foram implementadas, que passavam pela instalação por um lado dum talho e duma padaria no próprio edifício, bem como a construção dum bairro operário na periferia da fábrica, por outro foram colocados tabiques nas janelas para que os operários se não distraíssem.

Alguns exageros despesistas conduziram a empresa para uma vida difícil, como escrevia nas suas memórias do industrial de origem francesa Jacome Ratton, em que este escreve sobre as manufacturas existentes em Portugal em finais do século XVIII e inícios do século XIX.

Principiou pois a fábrica da seda por uma sociedade de particulares, no Reinado do Senhor Rei D. João V, os quais mandaram vir operários de Lyon, e foi estabelecida no edifício que hoje se conhece por este nome ao Rato, para esse fim construído. Mas como sucede frequentemente, que estabelecimentos de grande custo não prosperem desde logo, achava-se este já em penúria de fundos no princípio do sucessivo Reinado; e querendo o Governo elevá-lo ao maior grau de prosperidade possível, e introduzir-lhe a fabricação dos Galões de ouro e prata, que até àquele tempo todos vinham de França, se havia necessidade deles para a tropa e culto Divino, o tomou por sua conta, nomeando-lhe Directores negociantes, e aplicando-lhe muitos fundos não só para o fazer trabalhar com vigor no seu respectivo destino, mas para servir como de viveiro a muitas artes, e ofícios, de que o Reino se achava destituído. Foi por aquela Direcção que, no Bairro das Amoreiras, então terras de serradura, se edificaram acomodações para Mestres, com certo número, cada hum, de teares de seda de lavor, cujas manufacturas eram compradas, e pagas pela dita Direcção, que também lhes fornecia a seda já pronta, como me parece que ainda se pratica, em maior, ou menor abundância. Foi outro sim com fundos da referida Direcção das sedas, que se edificaram no mesmo Bairro

Em 1750, o Estado apropriou-se da fabrica, por insolvência de Robert Godin.

Indico como leitura complementar um excelente artigo
sobre esta matéria no magnífico blogue Bic Laranja

  • Nascimento da infanta D.Maria
A Rainha D.Maria I nasceu no dia 17 de Dezembro de 1734, antes dela nascer a sua avó a Rainha de Espanha escrevia à filha D.Mariana Vitória, ao mesmo tempo que enviava um cirurgião a acompanhar a carta onde mostrava a sua grande preocupação pelos maus cuidados que sua filha viesse a ter durante o parto.

A preocupação, reflectia diferença de mentalidades, em Espanha os partos reais eram feitos por cirurgiões, em Portugal por parteiras. Obviamente que em Portugal era assim por razões beatas, que impediam que um médico homem, assistisse a um parto, coisa de mulher.

Isabel Farnésio pelos vistos já não pensava assim, mas por carta a filha aceitou a vinda do médico com a condição de ficar num quarto ao lado "para o caso de haver necessidade", dizendo a sua mãe "os portugueses não aceitam bem os cirurgiões parteiros".

Seria baptizada a 9 de Janeiro do ano seguinte

  • descobertas novas jazidas de ouro em Mato Grosso

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A descoberta de diamantes no Brasil

A descoberta de diamantes ocorreu como consequência da procura do ouro no leito dos rios, através da lavagem do cascalho.

Em 1726 foram entregues as primeiras pedras ao governador de Minas Gerais, D.Lourenço de Almeida que as identificou como diamantes por ter estado mais de 17 anos no governo da Índia.

Não se conhece muito bem a razão, porque só comunicou à coroa essa descoberta 3 anos depois, enviando 6 pedras dessa para serem examinadas, o que lhe valeu ser censurado porque já há mais de dois chegavam a Lisboa diamantes nas frotas do Brasil.

Igualmente se lhe ordenava que estudasse o melhor meio de serem cobrados os quintos do rei devidos sobre essa pedras.

Quintos do rei, que hoje teria a designação genérica de imposto, era intensamente cobrado no Brasil desse tempo, já se fazia sobre a produção aurífera. Desde 1725 a capitação sobre os escravos produtivos ou não, maiores de 14 anos, ou sobre o minerador quando este os não possuísse.

Assim começou a saga da exploração de diamantes, sendo o Brasil o maior produtor de diamantes do mundo entre os anos de 1730 a 1860.Calculando-se que, nesse período se produziram em Minas Gerais cerca de 610 quilos de diamantes.

A grande preocupação se gerou no Reino, discutindo-se a forma de controlar a produção e a colecta do respectivo quinto.

A grade dificuldade era o controlo dessa liquidação, resumindo-se os vários pontos de vista, expressos quer pelo governador de Minas Gerais, quer por vários especialistas, ás seguintes hipóteses :
  • cobrar-se o quinto rigoroso de todos os diamantes extraídos
  • cobrar-se o quinto por capitação sobre os escravos que minerassem
  • acrescentar-se a esta capitação 5% sobre o valor dos diamantes
  • cobrar-se o quinto e também o dízimo, (dupla tributação)
  • dividir-se o terreno das minas, cobrando-se o arrendamento em vez do quinto
  • Administração das minas por conta da Fazenda Real, proibindo a todos os vassalos a mineração
Todas as soluções propostas procuravam resolver o problema da dificuldade de cobrança. Optou-se pela hipótese de escolher entre os 11 ribeiros onde haviam sido detectados diamantes, 2 ou 3 dos melhores, proibindo-se a pesquisa nos demais. Dividir a área de pesquisa em lotes, reservar o melhor para sua Majestade e arrendar anualmente os restantes a quem der maior preço.




terça-feira, 14 de agosto de 2007

As Fabricas de pólvora em Barcarena e Alcântara


(Fábrica da Pólvora de Barcarena-Monumento ao Fogo)

A indústria da pólvora e a instalação em Barcarena remonta ao tempo de D.João II, mas só em 8 de Dezembro de 1729 foi inaugurada com o nome actual.

No início do século era grande a decadência em que se encontrava a industria sendo conhecida a comunicação que o general artilheiro, dizia não haver pólvora sequer para as salvas na procissão do Corpo de Cristo.

Além desta fábrica em Barcarena havia outra em Alcântara que havia sido começada a construção em 1690, mas só terminada em 1728 por António Cremer.


Foi Cremer que arrematou o monopólio da pólvora, pois além da reconstrução dessa fábrica em Alcanena, também promoveu a recuperação da outra em Barcarena terminando-a em 1729, depois de modificar todo o seu sistema de funcionamento por forma a que se começou a produzir "a melhor pólvora da Europa"


A construção foi "sumptuosa e magnífica" conforma ainda está patente na fábrica de Barcarena e nos vestígios arquitectónicos da fábrica de Alcântara, demolida em 1939.


António Cremer foi um almirante holandês que veio para Portugal por ocasião do inicio da Guerra da Sucessão ao Trono de Espanha, mas que no fim dessa guerra, por cá ficou como
intendente da Pólvora do Reino (1725) entre outros cargos.

A fábrica encerrou em 1988, transformado-se o espaço numa universidade (Atlântica) e num museu.


O Museu da Pólvora Negra, integrado na antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena, tem como finalidade preservar e perpetuar a memória da actividade desenvolvida neste estabelecimento fabril, nos seus cerca de quinhentos anos de laboração.

O seu acervo divide-se nas categorias de Ciência/Técnica, História, Militar e Indústria e a colecção reporta-se, cronologicamente, à época de origem do fabrico da pólvora em Barcarena.

Quanto à temática, esta prende-se, particularmente, com o fabrico da pólvora negra em Barcarena.


saber mais sobre o Museu .

domingo, 12 de agosto de 2007

Aqueduto das Águas Livres-O financiamento


Gravura aberta para Robert Wilkinson, sobre um desenho de R. Black e T. Bowles. O decreto que autorizava o Senado da Câmara de Lisboa a regular os géneros sobre os quais se lançariam impostos, para a construção do Aqueduto das Águas Livres foi assinado em 20 de Junho de 1729.

Retirado do Portal da História

Por volta de 1730 a população de Lisboa devería rondar os 250.000 habitantes e apenas dispunha de 3 chafarizes de água potável e mal distribuídos pela cidade, estando o negócio da distribuição entregue a particulares, que a entregavam bastas vezes em más condições de salubridade.

Para resolver a situação, havia que trazer a água para a cidade de nascentes que existiam, a não muita distância da cidade. As referências ao projecto de construção dum aqueduto começam a ouvir-se e em Julho de 1729 foi decretado um imposto sobre determinados bens de consumo para financiamento da obra.

Pelos vistos D.João V, não achou necessário financiar a obra com o ouro e os diamantes que chegavam do Brasil , pelo que o se pode dizer que a população pago do seu bolso a água que passou a beber.O povo pagou porque o Rei asssim decidiu, coisas do absolutismo.

Foi então decidido onerar o azeite, a carne,o sal, a palha e o vinho, para fazer o total de 300 000 por ano, durante 4 anos.

O imposto indirecto é cego e a comunidade patriarcal, habituada a não pagar nada, achou-se prejudicada queixando-se ao rei, que os mandou passear e muito bem, acabando ele próprio por contribuir com 10.000 cruzados

Estava assim terminado o primeiro episódio da saga da construção do Aqueduto das Águas Livres, que duraria até 1748, na sua fase mais simples.



segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Casa de Mateus-O risco barroco de Nasoni


Não se sabe exactamente a data do início da construção deste solar barroco, com certeza um dos mais representativos do norte de Portugal situado a cerca de 5 km de Vila Real, sabendo-se que em 1760 estavam concluídos os alicerces e as paredes.

O projecto é de Nicolau Nasoni e foi mandado erigir por António José Botelho Mourão.


O Palácio está inserido numa quinta pelo que até os exteriores, onde se pode admirar um lago com nenúfares, uma escultura de João Cutileiro e canteiros de flores lindíssimas, são de encantar.


Edificado na primeira metade do séc. XVIII, com risco de Nicolau Nasoni, o Palácio Mateus rodeado de belos jardins inseridos numa vasta quinta é considerado um dos expoentes máximos da arquitectura civil do barroco em Portugal.


O belo mobiliário interior também ao gosto da época,com os tectos e as sanefas feitos em castanho trabalhado,pintura dos séculos XVII e XVIII, objectos de prata, cerâmica e uma biblioteca onde avulta uma edição notável de Os Lusíadas.


Integra-se no conjunto do solar, uma biblioteca e um museu e uma capela.

Actualmente o Palácio de Mateus é propriedade da Fundação da Casa de Mateus, que tem desenvolvido uma intensa actividade cultural nomeadamente nas áreas da música, da literatura e das artes plásticas, organizando festivais, cursos, seminários e exposições. Neste âmbito destacam-se os "Encontros de Música da Casa de Mateus" que se realizam todos os anos durante os meses de Verão.