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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1716


  • Maio,02-Nascimento do infante D.Carlos 4º filho de D.João V e de D.Maria Ana.
Não gozava de boa saúde, frequentemente saía de Lisboa, para beneficiar de melhores ares da vila de Belas.

Cascais começava a ganhar fama de ser terra muito sadia e nela viverem os homens muitos anos.

Logo o infante passou a ir a banhos para aquela terra.

Sempre enfermiço ao infante tudo lhe aparecia, pleuresias, febres, etc., em 1735 ficou sem sentidos, muitas horas, achando então os médicos, por bem, "receitar-lhe" o santíssimo sacramento,pois tratava-se duma "maligna" pois "o mal está todo no peito".

Animadores lá iam dizendo que se escapasse de morrer, ficaria com uma tísica que o deixaria viver pouco tempo.

Finalmente morreu em Abril de 1736.


  • Novembro,17-Bula papal criando o Patriarcado de Lisboa.
Quando em 7 de Novembro de 1716 o papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, criando o patriarcado de Lisboa, foi esta honra uma das poucas concedidas até então, pois os únicos com relevância histórica são os de Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria.

Estabeleceu-se também uma divisão eclesiástica com duas jurisdições, o arcebispado na sé velha e o patriarcado na capela real, sucedendo-lhe uma divisão administrativa, ficando a cidade ocidental com 22 freguesias e cerca de 700 ruas e duas praças a do Rossio e a do Terreiro do Paço, bem como os templos que chegavam a 124.

Na cidade oriental ficava a parte mais antiga contida dentro das muralhas, com cerca de 300 ruas, 16 freguesias e cerca de 39 igrejas, ermidas e vários conventos.

Esta divisão durou até 1740 em que foi reunificada. Sucederam-se até hoje dezasseis patriarcas à frente da Igreja lisbonense, de D. Tomás de Almeida a D. José Policarpo.

Os patriarcas de Lisboa são sempre feitos cardeais no primeiro consistório a seguir à sua nomeação para esta Sé.

Esta bula papal In suprema apostolatus solio, insere-se numa política de prestígio da coroa , procurando colocar as relações entre Portugal e Santa Sé ao nível das de outras grandes potências.


sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1715


  • Janeiro-Breve papal a D.João V solicitando ajuda na guerra contra os turcos, navios saídos a 5-07 não chegam a tempo de incorporarem a armada.
Em 1715 os Turcos ocuparam a Moreia e apoderaram-se das últimas ilhas que os Venezianos ainda possuíam no mar Egeu. Pediram estes auxílio ao Papa que, por sua vez, o pediu aos principais reis católicos.
O de França recusou, para não ajudar a enfraquecer ainda mais uma potência que contrabalançava a Leste o peso da Áustria;
o de Espanha, que continuava a disputar aos Austríacos a posse do Sul da Itália e da Sicília, limitou-se a prometer que enquanto durasse a guerra contra os Turcos suspenderia as operações militares;
só o rei D. João V de Portugal, desejoso de cair nas boas graças do Papa, respondeu positivamente ao seu apelo .

(retirado do blog "Marinha" clicar aqui)


  • Agosto,18-Faz a entrada em Paris a embaixada do conde da Ribeira Grande.

Luís Manuel da Câmara, 3º conde da Ribeira Grande, viveu sete anos em França em vida de grande ostentação, privando com a alta nobreza.

Fez sua entrada em Paris, de forma magnificente, em cinco magníficos coches, distribuindo as 10 mil moedas de prata que mandara cunhar (em comemoração ao acontecimento) além de 200 de ouro.


Diz a obra a " Nobreza em Portugal",que «excedeu em riqueza, luxo e número todas as outras embaixadas».


Levava séquito de um confessor, um estribeiro, dois secretários e oito gentilhomens, além de seis pagens, quatro moços de câmara, dois guardas suiços, cinco cocheiros e cinco postilhões além de 24 homens a pé.


Fez vestidos bordados com riqueza excessiva, tendo o vestido com que entrou em Paris os botões e o hábito de Cristo de diamantes, e um no chapéu de notável grandeza.
Até os vestidos dos pagens eram de veludo cor de ouro com vestes e canhões de ouro de tal sorte cobertos de bordadura de prata que apenas se lhe via o fundo.

Ao ombro tinham laços de fita de ouro bordada de prata com rendas de prata ao redor e franja do mesmo nas pontas. Os chapéus galardoados de prata com plumas brancas e topes de fitas brancas.

As gravatas e punhos de rendas mui finas e meias negras com os quadrados bordados de prata. Todo o resto da comitiva, libré de pano fino verde, debruada por todas as orlas de um galão de prata, mangas cortadas de um galão de veludo negro entre um de ouro e outro de prata, canhões e vestes mui rico de ouro, punhos d renda, chapéus com largo galão de prata e meias de seda cor de ouro, plumas cor de ouro e topes de fitas brancas e cor de ouro.»
Havia cinco coches, todos a oito cavalos.

O 1° coche tinha por assunto a paz novamente feita entre Portugal e a França, sendo muito grande, cercado de 8 vidros e por fora de veludo verde escuro, todo coberto de bordado de ouro em relevo. O tejadilho formava um pavilhão airoso, que acabava no meio em um domo ou coroa, «sobre o qual se vai formando o bordado uma grande rosa levantada». Prossegue a descrição: «As 8 maçanetas de bronze dourado de ouro moído. Frisos de esculturas delicadíssimas. As 4 partes do mundo, Mercúrio, as Artes Liberais, Amaltéia sobre uma pantera. O forro de ouro, franjas, cortinas de tafetá dobre verde bordadas de ouro, assento dos pés de cobre marchetado de tartaruga; rodas de 6 raios por onde sobem uns como SS que vão entrar no raio e o sustentam. Os cavalos eram, da Frisia, grandes e negros.


O segundo coche de sete vidros, ouro, bronze dourado, painéis nas ilhargas com a figura da Lusitânia entre nuvens e um anjo, e com cavalos poloneses tigres, brancos com malhas.

A terceira caleça de cinco vidros, tissu de prata, cobre no tejadilho, puxada por cavalos dinamarqueses, lazões tostados.

O quarto, uma estufa de sete vidros, forrada de veludo carmesim, franja de ouro, cavalos alemães ruços.


O 5° uma estufa forrada de veludo carmesim lavrado com fundo de prata, cavalos holandeses negros.

Fizeram-se gravar 10 mil moedas de prata com peso de 3 tostões e 200 em ouro (6:000 rs o peso de cada) que o estribeiro ia pelo caminho distribuindo ao povo.

Retirado de Luís Manuel da Câmara

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1714


  • Junho,o6-Nascimento de D.José, 3º filho de D.João V com D.Maria Ana, que viria mais tarde a ser rei devido ao falecimento do seu irmão mais velho D. Pedro.
  • Outubro,24-Morte do príncipe D.Pedro 2º filho de D.João V e de D.Maria Ana.
O príncipe D.Pedro quando morreu tinha apenas 2 anos e 10 dias e segundo um relato da época, terá falecido divido a uma "terçã dobre", morrendo após a habitual discussão em torno da questão de sangrar ou não o paciente.

Foi descrito durante o embalsamento, que no "interior não se achou coisa que merecesse observação, para além do facto do fígado ser maior do que deveria ser".

Como habitualmente a minha fonte (D.João V-Maria Beatriz da Silva) refere que os intestinos da criança foram sepultados no convento de São Francisco.

O príncipe foi sepultado em São Vicente de Fora no dia 30 do mesmo mês.



domingo, 11 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1713



  • Março,16-Legislação que reitera a proibição do curso de moeda cerceada.
Cercear , entre outras coisas, significa cortar em roda; diminuir; aparar .Quando executado por peritos, não provocava danos evidenciáveis no aspecto das moedas, ou seja é a operação técnica efectuada por peritos por forma a retirar quantidades mínimas dos bordos da moeda, afim de estar conforme a lei, isto é, em termos de peso e título.

Porém efectuado abusivamente, o cerceio revelou-se numa operação metalúrgica feita, sem especialização, defraudadora do peso, formato e aspecto formal dos próprios exemplares.

Foi essa moeda que se mandava confiscar, as que se encontrassem com falta de peso.
  • Abril,11-Assinatura no Congresso de Utreque, do tratado de paz e amizade entre França, Inglaterra, Holanda, Portugal, Prússia e Sabóia, pondo fim à Guerra da Sucessão Espanhola.
Filipe V Bourbon é reconhecido com rei de Espanha, mas é sancionada a separação entre as coroas Espanholas e Francesas.Além disso
  1. Espanha deve ceder à Áustria os Países Baixos espanhóis
  2. Espanha deve ceder à Inglaterra Gibraltar e ilha Menorca
  3. França deverá reconhecer a sucessão protestante inglesa
  4. França deve ceder à Inglaterra os territórios norte-americanos da Terranova, da Acádia e da Baía de Houston.
  5. Holanda obtém mais território anteriormente ocupados pela Áustria e França.
  6. Sabóia-Vitor Emanuel II obtém a coroa real e a Sicília.
  7. Inglaterra obtém da Espanha o asiento de negros, ou seja concedeu aos ingleses autorização para introduzirem anualmente na América espanhola um determinado número de negros africanos e para que, uma vez por ano, um navio seu pudesse visitar o porto de Portobello, através do qual tinham oportunidade de fazer entrar ilegalmente grande número de produtos manufacturados nesses países.
  8. A Portugal eram restituídas as praças perdidas e a colónia de Sacramento, na América
  • Junho,24-Regimento dos Ministros e Oficiais de Justiça e da Fazenda.Alvará que introduz algumas alterações no funcionamento do Desembargo do Paço.
No início do reinado a estrutura administrativa era constituída por duas Secretarias e do Estado e a das Mercês e vários tribunais, o Desembargo do Paço,Conselho Ultramarino, Mesa da Consciência e Ordens, entre outros, como se chamavam na altura.
Este regimento procurou simplificar a burocracia, no que à assinatura do rei dizia respeito, dando-se maior autonomia a esse tribunais desde que por exemplo 3 ministros assinassem em conjunto.



quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1712


  • Janeiro,16-Parte para Roma o embaixador extraordinário D.Rodrigo de Sá Almeida e Menezes (Marquês de Fontes), mais tarde Marquês de Abrantes.
Em Roma já existia um embaixador mas D.João V decide reforçar a componente diplomática com envio de um outro embaixador para tentar resolver a questão do Padroado do Oriente e outros assuntos de menor envergadura, mas igualmente importantes.
Havia um problema de exclusividade de missões em especial na China, que Portugal pretendia manter e que Roma tentava alterar enviando ao Oriente, missionários de outros países europeus.
Os problemas coma cúria romana, acerca desta questão do padroado, era ainda mais complicada, mas as instruções de D.João V ao marquês de Fontes eram muito precisas. Podia ameaçar o Papa com duas medidas, recusa do núncio apostólico em Portugal e a criação dum tribunal para apreciação de todas as decisões papais antes da sua execução.
A ameaça do regresso ao um sistema político que sustenta o direito que tinham os Reis de interferir na vida interna da Igreja, constituía na altura uma ameaça séria aos poderes papais.
Havia três exigências importantes que Portugal requeria e que se prendia com a actuação do cardeal de Antioquia, Maillard de Tournon e as suas decisões sobre as interdições do culto rendido a Confúcio, que Clemente XI apoiava e que se mantinha preso em Macau, por pressão do Imperador da China.
Note-se que a apresentação ao papa só se viria efectuar 3 anos depois da sua chegada a Roma, provavelmente por força da magnificência do corteja com que se apresentou e cuja descrição se fará quando se abordar o ano de 1716.

  • Setembro,16-Chega a Goa o novo vice-rei Vasco César de Menezes, conde de Sabugosa.
0 seu governo foi um dos mais gloriosos que houve na Índia nos tristes tempos da decadência. Perdera-se já todo o prestígio e autoridade, e Vasco Fernandes César soube fazer respeitar de novo o nosso nome e as nossas armas 0 rajá Kanará tratara-nos com menos consideração; Vasco Fernandes César juntou rapidamente uma esquadra de 11 embarcações, cujo comando entregou a José Pereira de Brito, e este forçou as barras de Barcelor, Calianapor, Catapal, Moloquim, Mangalor e outras, queimou e destruiu navios e povoações, obrigando o rajá a pedir paz, e fazendo com que o rajá de Sunda, que seguira o exemplo do de Kanará, logo também se submetesse. O Angriá, um pirata indiano, assaltava-nos as embarcações, logo o vice-rei mandou uma esquadra de 15 navios comandada por António Cardim Fróis, atacar o porto de Culabo, onde o pirata se fortificara, e onde os portugueses lhe infligiram uma lição severa. As esquadras árabes de Mascate que estavam no porto de Surate e de Rugafroi que se achava na barra do Danda foram igualmente destroçadas pelos nossos navios. Assim o nome português voltou a ser, se não temido, pelo menos respeitado na Índia, e o Grão‑Mongol com quem mantínhamos boas relações, cedeu-nos, em prova de amizade, o pequeno território de Pondá, que confinava com as possessões portuguesas. No governo eclesiástico da Índia houve bastantes discórdias no tempo de Vasco Fernandes César, que nem sempre procedeu com a maior justiça na sua resolução
(retirado de Portal da História )

  • Outubro,19-Nasce D.Pedro o príncipe do Brasil 2º filho de D.João V.
Segundo filho de D.João V e de D.Maria Ana da Áustria, primeiro filho varão seria o herdeiro do trono, se não tivesse falecido com apenas 2 anos de idade.
Um ano depois da sua morte foi cantada em Roma, no palácio do marquês de Fontes, pelos cantores da Capela Pontifícia, não esta peça, mas outra do mesmo autor Nicola Porpora. Fica a nota para se perceber a beleza da música da época barroca.



sábado, 27 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1711(I)



(Ilha das cobras ao fundo a ponte Rio-Niteroi)

  • Julho,11-A vila de São Paulo no Brasil ascende a cidade.
Desde 1681 que S.Paulo era considerada cabeça de Capitania, incluíndo um território muito mais vasto que o do actual Estado. Território muito vasto obrigou a uma reorganização que correspondeu também a que se desmembrasse a capitania para melhor o controle sobre a região de Minas Gerais.

  • Setembro,11-René Duguay-Trouin, corsário francês, chega ao Rio de Janeiro com 18 navios e uma tropa de 5000 homens. Começando por ocupar a ilha das Cobras junto ao Rio.
Na sequência deste ataque Rio de Janeiro, virá a capitular em Outubro. Porém a tomada da fortificação desta ilha, viria a justificar a necessidade de construção duma outra fortificação nesta ilha da Baía de Guanabara, o que veio a acontecer.
  • Outubro-Guerra da Sucessão de Espanha-Cerco a Campo Maior pelo marquês de Bay a praça não foi ocupada.
Em 1712, o Castelo de Campo Maior vê-se cercado por um grande exército espanhol comandado pelo Marquês de Bay, o qual durante 36 dias lança sobre a vila toneladas de bombas e metralha, tendo conseguido abrir uma brecha num dos baluartes; o invasor ao pretender entrar por aí, sofreu pesadas baixas que o obrigaram a levantar o cerco. (retirado de Wilkipédia)
  • Dezembro,12-Nascimento de Maria Bárbara Xavier Leonor Teresa Antónia Josefa,filha de D. João V, que mais tarde viria a casar com o príncipe das Astúrias

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1710(I)


  • Inicio da guerra dos Mascates
Esta designação refere ao nome que os brasileiros de Olinda, davam aos portugueses negociantes que habitavam o Recife.Rivalidades e divergências políticas, entre lealista(que defendiam a autoridade real) e separatistas, levaram a violentes conflitos.Problema que se resolverá no ano seguinte com a chegada dum nono governador Félix de Mendonça.

  • Agosto,16-Ataque a vários pontos do litoral brasileiro por uma esquadra francesa comandada por Duclerc. Rio de Janeiro é cercado.
No contexto de hostilidades entre a França e a Inglaterra, o rei Luís XIV de França autorizou o corso aos domínios ultramarinos de Portugal, tradicional aliado dos britânicos. Por essa razão, Jean-François Duclerc, no comando de seis navios e cerca de 1 200 homens, surgiu na barra da baía de Guanabara hasteando pavilhões ingleses como disfarce. As autoridades no Rio de Janeiro, alertadas pela Metrópole, já aguardavam a vinda do corsário francês, razão pela qual o fogo combinado da Fortaleza de Santa Cruz da Barra e da Fortaleza de São João repeliu a frota que tentava forçar a barra.

(retirado de Wilkipédia)

domingo, 14 de outubro de 2007

Acontecimentos ano de 1709

Acontecimentos em Portugal

  • Abril-Necessária autorização régia para se fundarem novos conventos no Brasil

Para ler mais sobre a Passarola ver aqui.
  • Maio,07-Batalha do Caia-Tropas portuguesas são derrotadas perto de Badajoz.
  • Novembro,09-Instituição na Capela Real da Irmandade do Santíssimo Sacramento tornando-se o rei juiz perpétuo.
D. João V, mal subiu ao trono, aceitou ser Juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora dos Mártires, em favor da qual fixou uma renda.

Pela sua importância religiosa e pastoral não admira que já nos finais do século XIV, o Papa Urbano XIV havia elevado a igreja de Nossa Senhora dos Mártires à dignidade de Basílica.

Esta igreja existe em Lisboa, na zona conhecida como o Chiado.

Quando da tomada de Lisboa, D.Afonso Henriques fez um voto que de imediato cumpriu quando as portas da cidade se abriram, em 25 de Outubro de 1147, quatro dias após a rendição do governador muçulmano, edificar em honra da Santíssima Virgem um templo onde o povo de Lisboa pudesse venerar aquela sagrada imagem e que permanecesse como memória, para os vindouros, da protecção prestada pela soberana Rainha àqueles valentes soldados que, movidos pela fé cristã, animados pela esperança e abrasados pela caridade, de forma humanamente inexplicável, dado o poderio das forças infiéis, dilataram o reinado de Cristo e conquistaram a cidade de Lisboa.
  • Novembro,25-Decreto que proíbe a emigração para o Brasil.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ano de 1708



*Julho,09-Viena de Áustria-Casamento por procuração de D.João V com D.Maria Ana
A rainha D.Maria Ana da Áustria-07

*Outubro,27-Desembarca em Lisboa a Rainha D.Maria Ana


*Fome generalizada no reino-Devido a uma sucessão de maus anos agrícolas entre 1707 e 1711, que resultou na escassez de trigo e outros cereais e respectiva subida de preços.Que motivou vários motins com o de Abrantes neste ano.


quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Acontecimentos no ano de 1707

  • 25 de Abril-Batalha de Almansa

As forças do arquiduque Carlos que incluem os contingente portugueses sofrem pesada derrota, pelo exército franco-espanhol do duque de Berwick, que conduz a ofensiva em nome de Filipe V de Bourbon, que recupera o controlo sobre grande parte de Espanha incluindo Madrid.
  • Abril-Diogo de Mendonça Corte Real é nomeado secretário de Estado
D. João V logo em Abril de 1707 nomeou Diogo de Mendonça Corte Real seu secretário de Estado, mandando-lhe passar a respectiva carta em 27 do mesmo mês. 0 distinto diplomata conservou-se no ministério até falecer, prestando sempre importantes serviços, principalmente nas difíceis negociações do tratado de Utrecht, onde Portugal correu sério risco de ser sacrificado

  • 26 de Maio-Capitulação de Serpa às forças do Duque de Ossuna.
Ver explicação sobre a Guerra da Sucessão de Espanha clicando
  • 27 de Junho-Assinado em Viena o tratado de casamento de D.João V com D.Maria Ana da Austria
O Casamento de D. João V foi negociado em 1708. Os dois noivos eram primos direitos, por serem irmãs a Rainha D. Maria Sofia de Portugal e a Imperatriz Leonor Madalena, respectiva mães de Sua Majestade o Rei de Portugal e da Sereníssima Arquiduquesa da Áustria.

Inaugurando o estilo faustoso da diplomacia de D. João V, Portugal procurava com o casamento uma aproximação aos outros membros da Grande Aliança. D. João V enviou um luxuosa embaixada à capital imperial, chefiada pelo Conde de Vilar Maior, Fernão Teles da Silva, que chegou a Viena a 21 de Fevereiro desse mesmo ano. A 6 de Junho, dia do Corpo de Deus, fez-se a entrada pública da embaixada portuguesa para o pedido da Arquiduquesa

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Jacobéus e Sigilistas-1745

Frei Gaspar da Encarnação, o franciscano que nos últimos tempos de vida de D.João V e após a morte do valido cardeal da Mota, assume o papel não oficial de primeiro-ministro, sob a regência da Rainha D.Maria Ana que o detestava, tinha sido desde que fora em 1723, nomeado reformador dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, o principal protector duma corrente religiosa, nascida no interior dessa congregação.

Chamados "jacobéus" e condenavam a tendência devassa, que julgavam existir dentro da vida religiosa a quem chamavam "mundanos", por certo com muita razão. Estes defendiam entre outras coisas a legitimidade de violar o segredo de confissão, para denunciar cúmplices de pecados.

Chamados de sigilistas atendendo a esta característica dos seus pontos de vista, foram os jacobéus, veementemente condenados pelo então cardeal-patriarca D.Tomás de Almeida, primeiro nomeado por D.João V, e pelo inquisidor-mor D.Nuno da Cunha.

Tratava-se dum combate aberto entre conservadores (inquisidores) e renovadores (jacobéus) e na qual D.João V, já doente se não quis meter, deixando a resolução do conflito ao papa Bento XIV.

A princípio o Papa começou por apoiar as teses da Inquisição, mas com o decorrer do conflito foi se equidistando, por vezes com bulas contraditórias que não fizeram mais do que prolongar o conflito.

Frei Gaspar da Encarnação jacobéu, confrontava-se pois, para além dos já mencionados, com a maior parte dos jesuítas, naturalmente que não estava sozinho, alguns bispos mais ou menos abertamente apoiavam-no nas suas opções.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Conflito estende-se à Colonia de Sacramento

Não se pense que apesar do incidente referido anteriormente, não ter provocado uma guerra aberta entre Portugal e a Espanha na Europa, não tenha tido as suas repercussões na América do Sul nomeadamente na Colónia de Sacramento.

Pelo menos durante cerca de dois anos a Colónia de Sacramento esteve bloqueada pelas forças espanholas. Diferendo este que só viria a ser resolvido pelo Tratado de Madrid em 1750.

Em Junho de 1735 chegou uma armada inglesa como medida de defesa, destinada apoiar Portugal no eventual conflito que viesse a decorrer com a Espanha.

Este conflito começa por ser mediado pela França,mas que o posterior ataque à colónia de Sacramento acima referido não veio favorecer.

No mesmo ano em que a França assume o controle directo da ilhas Maurícias, rebaptizada como a "Ile de France", e que seria mais um argumento para a Inglaterra não aprovar a mediação francesa neste conflito.

Por ocasião desse ataque, foram enviados a Sacramento, pelo governador do sul do Brasil, Gomes Freire de Andrade, reforços comandados pelo brigadeiro José da Silva Pais, que apesar de não ter conseguido os seus objectivos, veio a fundar nas proximidades da Lagoa dos Patos a povoação Rio Grande de São Pedro, origem do estado do Rio Grande do Sul.


Só em 16 de Março de 1737 se assina uma convenção luso-espanhola sobre este incidente com o embaixador português, acontecido em 1735, por mediação da Inglaterra e da Holanda.

Afinal uma guerra de criados, haveria de arrastar um conflito durante 2 anos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Um incidente menor que podería ter desencadeado uma guerra

Muito embora os casamentos reais pudessem de algum modo atenuar a conflitualidade entre Portugal e Espanha a verdade é que a situação política não era na altura muito tranquila, sobretudo por causa das questões fronteiriças no Brasil, ligadas à colónia de Sacramento.

O exemplo dos factos acontecidos em Madrid em Março de 1735, com o nosso embaixador Pedro Álvares Cabral são reveladores. Um incidente provocado pelo criados do embaixador, que tirando um prisioneiro das mãos dos oficiais de justiça espanhóis, dando-lhe guarida na embaixada, violaram os princípios das relações diplomáticas entre os dois países, pois na sequência a residência do embaixador foi invadida e presos os criados implicados.

A retaliação por parte de Portugal não se fez esperar e o mesmo aconteceu aqui à casa do embaixador espanhol e também presos alguns dos seus servidores.

D.João V convoca uma junta com algumas personalidades para o ajudarem a tomar decisões. A reunião decorreu em casa do secretário de Estado Diogo de Mendonça, por se encontrar doente. Entre essa personagens contavam-se o cardeal da Mota, o cardeal da Cunha e o conde da Ericeira e Alexandre de Gusmão, as figuras mais proeminentes do Reino e de quem falarei mais tarde.

O propósito era discutir uma proposta do embaixador para que se "rompesse guerra" com se chamava na altura ao acto de declaração de guerra.A proposta só obteve um voto favorável , mas duas conclusões se podem tirar daqui a delicadeza das relações ibéricas na eminência da guerra e a troca de opiniões, segundo o que foi relatado ao embaixador D.Luís da Cunha, pois a ideia generalizada que ficou da reunião foi que mesmo que houvesse guerra com o Mundo haveria que se manter a aliança com a Inglaterra.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Acontecimentos no ano de 1734

A ideia pré-concebida que D.João V foi apenas um rei gastador, que desbaratou o ouro e os diamantes do Brasil apenas em obras inúteis e espalhafatosas é completamente errada, porque a sua preocupação em desenvolver indústrias também foi evidente, como neste blogue modestamente se têm tentado demonstrar

Em 5 de Outubro de 1734 foi lavrada uma escritura a favor dum francês de nome Robert Godin, para estabelecer uma fábrica de sedas em Lisboa, que viria a ter as suas primeiras instalações na Fonte Santa, estabelecendo-a depois ao fundo da Rua de S. Bento (1737) finalmente mudou-a para o Rato em 1738.

Algumas originalidades à francesa, foram implementadas, que passavam pela instalação por um lado dum talho e duma padaria no próprio edifício, bem como a construção dum bairro operário na periferia da fábrica, por outro foram colocados tabiques nas janelas para que os operários se não distraíssem.

Alguns exageros despesistas conduziram a empresa para uma vida difícil, como escrevia nas suas memórias do industrial de origem francesa Jacome Ratton, em que este escreve sobre as manufacturas existentes em Portugal em finais do século XVIII e inícios do século XIX.

Principiou pois a fábrica da seda por uma sociedade de particulares, no Reinado do Senhor Rei D. João V, os quais mandaram vir operários de Lyon, e foi estabelecida no edifício que hoje se conhece por este nome ao Rato, para esse fim construído. Mas como sucede frequentemente, que estabelecimentos de grande custo não prosperem desde logo, achava-se este já em penúria de fundos no princípio do sucessivo Reinado; e querendo o Governo elevá-lo ao maior grau de prosperidade possível, e introduzir-lhe a fabricação dos Galões de ouro e prata, que até àquele tempo todos vinham de França, se havia necessidade deles para a tropa e culto Divino, o tomou por sua conta, nomeando-lhe Directores negociantes, e aplicando-lhe muitos fundos não só para o fazer trabalhar com vigor no seu respectivo destino, mas para servir como de viveiro a muitas artes, e ofícios, de que o Reino se achava destituído. Foi por aquela Direcção que, no Bairro das Amoreiras, então terras de serradura, se edificaram acomodações para Mestres, com certo número, cada hum, de teares de seda de lavor, cujas manufacturas eram compradas, e pagas pela dita Direcção, que também lhes fornecia a seda já pronta, como me parece que ainda se pratica, em maior, ou menor abundância. Foi outro sim com fundos da referida Direcção das sedas, que se edificaram no mesmo Bairro

Em 1750, o Estado apropriou-se da fabrica, por insolvência de Robert Godin.

Indico como leitura complementar um excelente artigo
sobre esta matéria no magnífico blogue Bic Laranja

  • Nascimento da infanta D.Maria
A Rainha D.Maria I nasceu no dia 17 de Dezembro de 1734, antes dela nascer a sua avó a Rainha de Espanha escrevia à filha D.Mariana Vitória, ao mesmo tempo que enviava um cirurgião a acompanhar a carta onde mostrava a sua grande preocupação pelos maus cuidados que sua filha viesse a ter durante o parto.

A preocupação, reflectia diferença de mentalidades, em Espanha os partos reais eram feitos por cirurgiões, em Portugal por parteiras. Obviamente que em Portugal era assim por razões beatas, que impediam que um médico homem, assistisse a um parto, coisa de mulher.

Isabel Farnésio pelos vistos já não pensava assim, mas por carta a filha aceitou a vinda do médico com a condição de ficar num quarto ao lado "para o caso de haver necessidade", dizendo a sua mãe "os portugueses não aceitam bem os cirurgiões parteiros".

Seria baptizada a 9 de Janeiro do ano seguinte

  • descobertas novas jazidas de ouro em Mato Grosso

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A descoberta de diamantes no Brasil

A descoberta de diamantes ocorreu como consequência da procura do ouro no leito dos rios, através da lavagem do cascalho.

Em 1726 foram entregues as primeiras pedras ao governador de Minas Gerais, D.Lourenço de Almeida que as identificou como diamantes por ter estado mais de 17 anos no governo da Índia.

Não se conhece muito bem a razão, porque só comunicou à coroa essa descoberta 3 anos depois, enviando 6 pedras dessa para serem examinadas, o que lhe valeu ser censurado porque já há mais de dois chegavam a Lisboa diamantes nas frotas do Brasil.

Igualmente se lhe ordenava que estudasse o melhor meio de serem cobrados os quintos do rei devidos sobre essa pedras.

Quintos do rei, que hoje teria a designação genérica de imposto, era intensamente cobrado no Brasil desse tempo, já se fazia sobre a produção aurífera. Desde 1725 a capitação sobre os escravos produtivos ou não, maiores de 14 anos, ou sobre o minerador quando este os não possuísse.

Assim começou a saga da exploração de diamantes, sendo o Brasil o maior produtor de diamantes do mundo entre os anos de 1730 a 1860.Calculando-se que, nesse período se produziram em Minas Gerais cerca de 610 quilos de diamantes.

A grande preocupação se gerou no Reino, discutindo-se a forma de controlar a produção e a colecta do respectivo quinto.

A grade dificuldade era o controlo dessa liquidação, resumindo-se os vários pontos de vista, expressos quer pelo governador de Minas Gerais, quer por vários especialistas, ás seguintes hipóteses :
  • cobrar-se o quinto rigoroso de todos os diamantes extraídos
  • cobrar-se o quinto por capitação sobre os escravos que minerassem
  • acrescentar-se a esta capitação 5% sobre o valor dos diamantes
  • cobrar-se o quinto e também o dízimo, (dupla tributação)
  • dividir-se o terreno das minas, cobrando-se o arrendamento em vez do quinto
  • Administração das minas por conta da Fazenda Real, proibindo a todos os vassalos a mineração
Todas as soluções propostas procuravam resolver o problema da dificuldade de cobrança. Optou-se pela hipótese de escolher entre os 11 ribeiros onde haviam sido detectados diamantes, 2 ou 3 dos melhores, proibindo-se a pesquisa nos demais. Dividir a área de pesquisa em lotes, reservar o melhor para sua Majestade e arrendar anualmente os restantes a quem der maior preço.




terça-feira, 14 de agosto de 2007

As Fabricas de pólvora em Barcarena e Alcântara


(Fábrica da Pólvora de Barcarena-Monumento ao Fogo)

A indústria da pólvora e a instalação em Barcarena remonta ao tempo de D.João II, mas só em 8 de Dezembro de 1729 foi inaugurada com o nome actual.

No início do século era grande a decadência em que se encontrava a industria sendo conhecida a comunicação que o general artilheiro, dizia não haver pólvora sequer para as salvas na procissão do Corpo de Cristo.

Além desta fábrica em Barcarena havia outra em Alcântara que havia sido começada a construção em 1690, mas só terminada em 1728 por António Cremer.


Foi Cremer que arrematou o monopólio da pólvora, pois além da reconstrução dessa fábrica em Alcanena, também promoveu a recuperação da outra em Barcarena terminando-a em 1729, depois de modificar todo o seu sistema de funcionamento por forma a que se começou a produzir "a melhor pólvora da Europa"


A construção foi "sumptuosa e magnífica" conforma ainda está patente na fábrica de Barcarena e nos vestígios arquitectónicos da fábrica de Alcântara, demolida em 1939.


António Cremer foi um almirante holandês que veio para Portugal por ocasião do inicio da Guerra da Sucessão ao Trono de Espanha, mas que no fim dessa guerra, por cá ficou como
intendente da Pólvora do Reino (1725) entre outros cargos.

A fábrica encerrou em 1988, transformado-se o espaço numa universidade (Atlântica) e num museu.


O Museu da Pólvora Negra, integrado na antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena, tem como finalidade preservar e perpetuar a memória da actividade desenvolvida neste estabelecimento fabril, nos seus cerca de quinhentos anos de laboração.

O seu acervo divide-se nas categorias de Ciência/Técnica, História, Militar e Indústria e a colecção reporta-se, cronologicamente, à época de origem do fabrico da pólvora em Barcarena.

Quanto à temática, esta prende-se, particularmente, com o fabrico da pólvora negra em Barcarena.


saber mais sobre o Museu .

domingo, 12 de agosto de 2007

Aqueduto das Águas Livres-O financiamento


Gravura aberta para Robert Wilkinson, sobre um desenho de R. Black e T. Bowles. O decreto que autorizava o Senado da Câmara de Lisboa a regular os géneros sobre os quais se lançariam impostos, para a construção do Aqueduto das Águas Livres foi assinado em 20 de Junho de 1729.

Retirado do Portal da História

Por volta de 1730 a população de Lisboa devería rondar os 250.000 habitantes e apenas dispunha de 3 chafarizes de água potável e mal distribuídos pela cidade, estando o negócio da distribuição entregue a particulares, que a entregavam bastas vezes em más condições de salubridade.

Para resolver a situação, havia que trazer a água para a cidade de nascentes que existiam, a não muita distância da cidade. As referências ao projecto de construção dum aqueduto começam a ouvir-se e em Julho de 1729 foi decretado um imposto sobre determinados bens de consumo para financiamento da obra.

Pelos vistos D.João V, não achou necessário financiar a obra com o ouro e os diamantes que chegavam do Brasil , pelo que o se pode dizer que a população pago do seu bolso a água que passou a beber.O povo pagou porque o Rei asssim decidiu, coisas do absolutismo.

Foi então decidido onerar o azeite, a carne,o sal, a palha e o vinho, para fazer o total de 300 000 por ano, durante 4 anos.

O imposto indirecto é cego e a comunidade patriarcal, habituada a não pagar nada, achou-se prejudicada queixando-se ao rei, que os mandou passear e muito bem, acabando ele próprio por contribuir com 10.000 cruzados

Estava assim terminado o primeiro episódio da saga da construção do Aqueduto das Águas Livres, que duraria até 1748, na sua fase mais simples.



segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Casa de Mateus-O risco barroco de Nasoni


Não se sabe exactamente a data do início da construção deste solar barroco, com certeza um dos mais representativos do norte de Portugal situado a cerca de 5 km de Vila Real, sabendo-se que em 1760 estavam concluídos os alicerces e as paredes.

O projecto é de Nicolau Nasoni e foi mandado erigir por António José Botelho Mourão.


O Palácio está inserido numa quinta pelo que até os exteriores, onde se pode admirar um lago com nenúfares, uma escultura de João Cutileiro e canteiros de flores lindíssimas, são de encantar.


Edificado na primeira metade do séc. XVIII, com risco de Nicolau Nasoni, o Palácio Mateus rodeado de belos jardins inseridos numa vasta quinta é considerado um dos expoentes máximos da arquitectura civil do barroco em Portugal.


O belo mobiliário interior também ao gosto da época,com os tectos e as sanefas feitos em castanho trabalhado,pintura dos séculos XVII e XVIII, objectos de prata, cerâmica e uma biblioteca onde avulta uma edição notável de Os Lusíadas.


Integra-se no conjunto do solar, uma biblioteca e um museu e uma capela.

Actualmente o Palácio de Mateus é propriedade da Fundação da Casa de Mateus, que tem desenvolvido uma intensa actividade cultural nomeadamente nas áreas da música, da literatura e das artes plásticas, organizando festivais, cursos, seminários e exposições. Neste âmbito destacam-se os "Encontros de Música da Casa de Mateus" que se realizam todos os anos durante os meses de Verão.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Nicolau Nasoni-A vinda para Portugal


Não é conhecida a data em que Nicolau Nasoni terá chegado a Portugal, mas o certo é que aqui havia ouro, chegado do Brasil e vontade de construir obra, ambiente propício ao interesse de grande artistas, pelo nosso País.

A cidade do Porto também não quer ficar atrás e é também ali pelo norte do País que se encontram muitos entalhadores e pedreiro, para trabalharem o género que esta agora na moda a decoração nas fachadas e talha nos interiores, o barroco.

O edifício data do sec.XII, em estilo românico de acordo com a sua época mas foi sofrendo transformações ao longo dos séculos até que chegado ao sec. XVIII como não poderia deixar de ser haveria de vir a receber as inevitáveis influência barrocas.

As ligações das famílias abastadas do Norte, a ligação destas à igreja e desta á Ordem de Malta, onde Nasoni se tinha fixado, para pintar um tecto no palácio de La Valeta,obra dirigida ao frei D. António Manuel de Vilhena , Grão Mestre da Ordem de Malta .

Assim a este arquitecto italiano foi dirigido o convite para vir para Portugal.

Modificou-se o acesso aos claustros do século XIV e à Capela de São Vicente. Uma graciosa escadaria também de Nasoni que conduz aos pisos superiores, onde os painéis de azulejos exibem a vida da Virgem e as Metamorfoses de Ovídio.

Esta obra iniciada em Novembro de 1725, demoraria alguns anos,pois só terminaram em 1731, por aqui se casou com uma fidalga napolitana, enviuvou e voltou a casar desta feita com uma analfabeta de Santo Tirso, por forma a que não esteve viúvo mais do que 3 meses,ao que parece devido aos bons ofícios do deão da Sé do Porto.

Trabalho porém, não mais lhe há-de faltar, seguiu-se a casa e o jardim da quinta da Prelada para um fidalgo portuense ligado a uma irmandade, a Irmandade de Clérigos Pobres de N.ª Sr.ª da Misericórdia, S. Pedro e S. Filipe Nery., que tinham como necessário a construção de uma sede onde pudessem realizar a sua actividade e praticar o culto, daqui nasce a ideia da construção da Igreja dos Clérigos, que se irá iniciar em 1731 e que lhe dará trabalho por mais de 30 anos.

Extraordinário artista multifacetado, pois além de arquitecto, foi pintor,escultor, fez trabalhos em ourivesaria e que inexplicavelmente viria a morrer pobre em 1773, encontrando-se sepultado no Igreja dos Clérigos não se conhecendo, porém, o local exacto onde se encontra o seu túmulo.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Vivaldi estreia as "4 estações"-1725


António Vivaldi nascido em Veneza, violinista e compositor de música barroca, padre, ficou conhecido pelo sobrenome de "padre vermelho", pelo seu cabelo ruivo, foi dispensado da celebração devido à sua saúde fragilizada, dedicando-se por esse motivo ao ensino de violino.

mais de quinhentos concertos (210 dos quais para violino ou violoncelo solo ), dos quais se destaca o seu mais conhecido e divulgado trabalho "As quatro estações" estreada em 1725

Menos conhecido é o facto de a maior parte do seu repertório ter sido descoberto apenas na primeira metade do século XX em Turim e Génova , mas publicado na segunda metade. A música de Vivaldi é particularmente inovadora, quebrando com a tradição deu brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, repetidamente procurando contrastes harmónicos, e inventou melodias e trechos originais.


Johann Sebastian Bach foi deveras influenciado por Vivaldi contudo, nem todos os músicos demonstraram o mesmo entusiasmo, Igor Stravinsky afirmou em tom provocativo que Vivaldi não teria escrito centenas de concertos mas um único, repetido centenas de vezes.

Apesar do seu estatuto de sacerdote, é suposto ter tido vários casos amorosos, um dos quais com a cantora Anna Giraud , com quem Vivaldi era suspeito de manter uma menos clara actividade comercial nas velhas óperas venezianas, adaptando-as apenas ligeiramente às capacidades vocais da sua amante.

Vivaldi, tal como muitos outros compositores da época, terminou sua vida em pobreza.

Igualmente desafortunada, sua música viria a cair na obscuridade até aos anos de 1900.

Apesar de todos os detractores, de todas as críticas negativas que Vivaldi recebeu, o seu talento é inegável, foi o compositor que inventou, ou pelo menos, estabeleceu a estrutura definitiva do concerto e da sinfonia. A sua facilidade na escrita era impressionante, escrevia tão rápido quanto a pena o permitia. Consta que demorava a escrever um novo concerto em menos tempo que um copista a copiá-lo.

A ressurreição do trabalho de Vivaldi no século 20 deve-se sobretudo aos esforços de Alfredo Casella.


quarta-feira, 18 de julho de 2007

Fundação da fábrica Vidros em Coina


Foi a abundância de lenha da Mata da Machada e a invulgar pureza das areias que determinaram a instalação em Coina da Real Fábrica de Vidros Cristalinos.

Inicialmente pensada para ser construída no Forte da Junqueira, conforme determinação real de 11 de Abril de 1714, por contrato estabelecido com um tal João Palada, que não terá desempenhado com eficácia a sua parte do contrato, foi decidido provavelmente pelas razões logísticas acima referidas, retomar esse projecto em Coina, sob a direcção de João Butler a quem se deu a laboração por tempo de doze anos, ao mesmo tempo ordenando Sua Magestade a proibição de se introduzirem vidros estrangeiros, como fazenda de contrabando.

Esta manufactura vidreira, ficou instalada no espaço do antigo largo do mercado do gado.

Estudada pelo investigador Jorge Custódio em “A Real Fábrica de Vidros de Coina (1719-1747) e o Vidro em Portugal nos séculos XVII e XVIII”

O autor realizou escavações no período entre 1983 e 1990 à procura de “fragmentos” explicativos. E não foi difícil encontrar pedaços de vidro de tipo cristalino, espelhos e vidro verde, elementos caracterizadores da sua produção. Explicando o autor que houve uma preocupação em encontrar testemunhos de tudo o que “fosse vivo” e o resultado é o “cruzamento de perspectivas históricas, tecnológicas e arquitectónicas”.

Durante os trabalhos de escavação arqueológica foram encontrados “vários fornos e um conjunto de vestígios materiais” que permitiram reconstituir a produção do vidro nesta localidade .A riqueza dos vestígios de 28 anos de laboração, permite ao investigador afirmar que o trabalho desenvolvido na Real Fábrica tem qualidade técnica igualável ao que era feito por “italianos, finlandeses, irlandeses, venezianos e alemães”.

A qualidade da produção pareceu contudo, decair logo que a fábrica foi contratado pela coroa,principiou a correr outro influxo porque os vidros se faziam de mais inferior qualidade, sendo os mestres e os fabricantes os mesmos, e pouco a pouco foi decaindo a laboração, de sorte, que conhecidamente parecia estímulo o que principiou agrado, e eram frequentes os clamores contra a fábrica e contra os vidros.

Contra a fábrica, porque não dava vidros bastantes para o uso das gentes, dependia de que viessem de fora os mestres e materiais, e destruía as lenhas nos seus consumos em prejuízo grave dos moradores de Lisboa. Contra os vidros, por serem de inferior qualidade, poucos, caros, e de ruim feitio; e também o ofício dos vidraceiros proclamava contra a Fabrica por lhe faltarem os vidros precisos para os menesteres da sua subsistência, e surtimentos das suas lógeas.

(Representação de John Beare (1744) ou [Exposição sobre as causas do descalabro da Real Fábrica de Coina]

Houve de tudo um pouco, no decorrer da relativamente curta história desta Fábrica de Vidro em Coina, desvio de fundos e consequentes desaguisados entre sócios, tráfico de influência das manufactureiras de vidro estrangeiras, etc, até ao encerramento em 1744.

Em 1748 a manufactura de vidro viria a ser transferida para a Marinha Grande .




domingo, 15 de julho de 2007

Acontecimento no ano de 1720

  • Emigração para o Brasil sob controle

Foi só a partir da descoberta do ouro em 1695 em Minas Gerais, que se começou a observar o fenómeno dum progressivo povoamento do interior do Brasil à custa do abandono dos engenhos situados no litoral e do surto de emigrantes que saíam de Portugal com destino ao Brasil.


A partir do século XVIII a emigração portuguesa no Brasil alcança números jamais alcançados, naturalmente que o grande número de pessoas que demandavam o Brasil, faziam-no pela miragem da descoberta do ouro, mas obviamente que o desenvolvimento económico do Brasil, também se deveu ao surto de evolução do tecido urbano com o aparecimento de pequenos comerciantes que faziam crescer as ofertas de emprego.

A emigração açoriana para a Região Sul do Brasil, foi exemplo da situação referida pois, esses colonos portugueses fixaram-se predominantemente ao longo do litoral, onde fundaram pequenas vilas e lugarejos, vivendo da produção de trigo e da pesca.

A maior parte da emigração contudo, foi de pessoas originárias do Minho.

Inicialmente a Coroa Portuguesa incentivou a ida de minhotos pobres para o Brasil, que se fixaram principalmente na região de Minas Gerais e na Região Centro-Oeste do Brasil.

Porém, a emigração tomou proporções altíssimas, e a Coroa passou a controlar a ida de portugueses para o Brasil, proibindo a saída sem passaporte, com o intuito de estancar o despovoamento do reino.Cujos números andariam nessa altura pelas 8 a 10 mil saídas anuais.

A língua portuguesa tornou-se então dominante no Brasil em substituição ao tupi-guarani.
  • Setembro,08-Nasceu o infante D.José filho ilegítima de D.João V e de Madre Paula freira em Odivelas.
D. José nasceu. em Lisboa e faleceu na mesma cidade, a 31 de Julho de 1801. Está sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora), filho da Madre Paula, freira em Odivelas. Foi doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra e inquisidor-mor em 1758. Esteve desterrado no Buçaco, com seu irmão D. António, de 1760 a 1777, por ordem do Marquês de Pombal.

Para ler mais sobre os amores cladestinos de D.João V clicar em

D.João V-Um rei absolutamente ... freirático
  • Dezembro,8-É fundada a Academia Real de História
Fundada por decreto a Academia destinada a recriar a História de Portugal, eclesiástica e civíl. D.Manuel Caetano de Sousa foi o primeiro presidente.

A Academia teve a sua primeira sessão, numa sala do paço dos duques de Bragança, que o rei mandara mobilar luxuosamente para esse efeito. A Academia devia ter um director e quatro censores. Foi o 1.º director D. Manuel Caetano de Sousa, e os 4 primeiros censores os marqueses de Alegrete, de Fronteira e de Abrantes, e o conde da Ericeira, sendo o 1.º secretário o conde de Vilar Maior. Nessa sessão de 8 de Dezembro de 1720 estiveram presentes 31 académicos, que eram os que até essa data se achavam eleitos


domingo, 8 de julho de 2007

Fundação da fábrica de papel da Lousã


Não tendo identificado se a chegada a Portugal dum genovês de nome José Maria Ottone, conhecedor da técnica do fabrico de papel, aqui chegou por sua iniciativa ou por convite da casa real, o certo é que em 1708 D. Pedro II já lhe havia concedido alvará para a fundação da Real Fábrica de Nossa Senhora da Lapa em S. Paio de Oleiros, hoje conhecida como Engenho Velho, em sociedade com Vicente Pedrossen, capitalista da cidade do Porto.

Aproveitando a boa qualidade das águas no sitio do Penedo e a proximidade da academia de Coimbra, tradicional consumidora de papel, em 1706, deixa a fábrica da Lapa e inicia a construção duma nova unidade, fundando em 1717 o Engenho do Papel da Lousã com a participação do Estado. João Neto Arnaut dirigiu a construção e instalação daquela unidade fabril
.

Desde então, nunca mais a fábrica cessou a sua actividade, não obstante ter mudado várias vezes de proprietários.
  • 10 de Junho de 1875 – Constituição da Companhia do Papel do Prado, em consequência da fusão da Fábrica do Prado em Tomar (cujo Alvará de concessão foi outorgado pelo Marquês de Pombal em 2 de Julho de 1772) sob a égide de D. José I, com a Fábrica a Lousã.
  • Após 25 de Abril de 1974 – Ao longo da sua secular existência a empresa foi passando por diversos proprietários, sendo nacionalizada no período após o 25 de Abril de 1974, com a queda do governo Salazarista.
  • 1999 – Data da reprivatização da empresa - venda pela Portucel a um grupo de investidores privados.
  • Julho 2003 – Ocorre a cisão da Companhia do Papel do Prado, S.A., sendo constituída uma nova empresa a " Prado - Cartolinas da Lousã, S.A. " que integra a Fábrica da Lousã.
    • (informação recolhida em www.papeldoprado.com)

A Gazeta de Lisboa-1715

A 10 de Agosto de 1715, inicia-se a publicação da chamada Gazeta de Lisboa: História Annual Chronologica e Política do Mundo e Especialmente da Europa, seria uma publicação semanal e manter-se-ia com esse nome até 1741.

A Gazeta da Restauração publicada em 1640, foi o primeiro periódico português.

O Açoriano oriental(1835) e a Revista militar (1848) são os títulos mais antigos ainda em publicação. (Segundo informação da Biblioteca Nacional).

A Casa da Moeda traça o historial da evolução do nome do boletim oficial desde 1715 até aos nosso dias da seguinte maneira :

  • Entre 1718 e 1741 toma o nome de Gazeta de Lisboa Ocidental , para em 1741 voltar a chamar-se apenas Gazeta de Lisboa .
  • Entre 1762 e 1778 a sua publicação é proibida pelo futuro Marquês de Pombal, só voltando a publicar-se em Agosto de 1778.
  • Entre 1778 e 1803 e entre 1814 e 1820 foi publicada pela Impressão Régia e a partir de 1820, o jornal oficial não mais deixou de ser publicado pela Imprensa Nacional.
  • Entre 16 de Setembro e 31 de Dezembro de 1820 publica-se simultaneamente a Gazeta de Lisboa e o Diário do Governo , fundindo-se num só jornal em 1 de Janeiro de 1821 com o nome de Diário do Governo , até 10 de Fevereiro desse ano.
  • Desde então, reflectindo o período conturbado que se vivia, passa por diversas designações: Diário da Regência (de 12 de Fevereiro a 4 de Julho de 1821),
  • Diário do Governo (de 5 de Julho de 1821 a 4 de Junho de 1823),
  • Gazeta de Lisboa (de 5 de Junho de 1823 a 24 de Julho de 1833),
  • Crónica Constitucional de Lisboa e depois apenas
  • Crónica de Lisboa (de 25 de Julho de 1833 a 30 de Junho de 1834),
  • Gazeta Oficial do Governo (de 1 de Julho a 4 de Outubro de 1834),
  • Gazeta do Governo (de 6 de Outubro a 31 de Dezembro de 1834) e
  • Diário do Governo (de 1 de Janeiro de 1835 a 31 de Dezembro de 1859).
  • Entre 1 de Janeiro de 1860 e 31 de Dezembro de 1868 chama-se Diário de Lisboa
  • e finalmente a partir de 1 de Janeiro de 1869 volta a chamar-se Diário do Governo , designação que mantém até 9 de Abril de 1976, quando recebe o nome actual de Diário da República .

terça-feira, 29 de maio de 2007

Alexandre de Gusmão, embaixador em França


A corte francesa significava para D.João V o "sol" da sua existência que procurava sempre imitar, pelo que a nomeação dum embaixador, na altura chamava-se agente diplomático, para aquele País requeria algum cuidado na escolha da pessoa a nomear.

Em Fevereiro de 1717 nomeia um brasileiro nascido em Santos, Alexandre de Gusmão para esse cargo.

Pessoa de larga cultura diversificada quer pelo conhecimento de várias línguas, estudioso de matemática e filosofia experimental, estudou teologia em Coimbra que interrompeu quando embarcou para França como secretário do Conde da Ribeira Grande na sua missão de embaixador.

Aproveitou o tempo para estudar direito em Sorbonne.

Após alguns anos em Roma, regressou a Portugal tornando-se secretário do Rei.
O papel de secretário particular que primeiramente desempenhou, era de extrema importância junto do Rei, como seu principal conselheiro, tratando da correspondência, que se não limitava a redigir em nome do Rei, pois frequentemente apresentava pareceres sobre os mais variados assuntos, desde o sistema de capitação a ser aplicado nas minas de ouro do Brasil, até à questão da saída de ouro para outras nações europeias, sobretudo para Inglaterra.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

A batalha do cabo de Matapão


No final do ano de 1716 o Papa volta a pedir a D.João VI para que no ano seguinte não deixasse de tornar a mandar a sua armada em auxílio de Veneza.

A anuência de D.João VI ao pedido, determinou que fossem iniciados imediatamente os preparativos necessários, de tal modo que em 28 de Abril de 1717 o conde de Rio Grande do Sul fez-se ao mar comandado uma esquadra composta pelos seguintes navios: 7 naus, 2 navios brulotes, 2 navios auxiliares, totalizando 526 canhões e 3840 homens de guarnição. O que significaria uma força naval já de alguma importância.

Desta vez o conde de Rio Grande dirigiu-se directamente para a Sicília, fundeando em Palermo a 24 de Maio. Dali seguiu para Messina, onde chegou a 30.

A 10 de Junho lançava ferro em Corfu, onde já se encontravam as esquadras de remo de Veneza, do Papa, do grão-duque de Florença e da Ordem de Malta, sob o comando de André Pisani, a quem o Sumo Pontífice havia nomeado generalíssimo da armada cristã.

A armada cristã era constituída por trinta e cinco naus, quatro brulotes, três corvetas, tartanas ou setias, vinte e três galés e quatro galeaças que eram de Veneza.

Das trinta e cinco naus, vinte e seis eram venezianas, sete portuguesas e duas da Ordem de Malta; das vinte e três galés seriam doze de Veneza, cinco de Malta, quatro do Papa e duas do grão-duque de Toscana.

Logo que começou a clarear pôde ser vista distintamente a armada turca que fechava por completo a enseada de Hapan, onde se encontrava a armada cristã.

Era aquela constituída por vinte e duas grandes naus turcas, algumas delas com cerca de cem peças, e por vinte e uma outras mais pequenas de Alexandria, Tunes e Argel, além de nove galés, alguns brulotes e outros navios mais pequenos.

A batalha, apesar de ter sido travada no interior da enseada de Hapan, que fica a cerca de vinte e cinco milhas a NE do cabo Matapão, passou à História com o nome deste.

A batalha do cabo Matapão de 1717 terá sido também uma das últimas grandes batalhas navais da História em que tomaram parte galés em grande número, as quais, de resto, para nada mais serviram do que para dar reboque às naus por ocasiões de calma.

A armada turca acabou por retirar, depois de muito fogo disparado, mas que as condições de fraco vento determinaram que a mesma se desenrolasse de uma forma muito estática, com pouca movimentação de navios.

Como o comando de Pisani, não mostrou interesse em perseguir o inimigo o conde de Rio Grande,decidiu recolher ao porto de Corfu,tendo aquele insistido com o conde, para que se deixasse ficar ali durante mais algum tempo para prevenir a hipótese de os turcos virem procurar novo encontro com a armada cristã. Mas o conde recusou, alegando que tinha diante de si uma longa viagem para regressar a Portugal e que antes disso tinha necessidade de reparar os seus navios.

Após feitas as reparações em Messina,iniciou a viagem de regresso a Lisboa, onde chegou a 6 de Novembro de 1717.

Sob o ponto de vista estratégico, a batalha do cabo Matapão não teve qualquer repercussão sobre o desenrolar da guerra, continuando os Turcos, como anteriormente, senhores absolutos do mar Egeu.

(ver detalhes sobre a batalha em
http://www.marinha.pt/Marinha/PT/Menu/DescobrirMarinha/Historia/combates_navais/Cabo+Matapao.htm

terça-feira, 1 de maio de 2007

As relações com a Santa Sé-O Patriarcado


(Coche da embaixada enviada por D. João V ao papa Clemente XI )

Quando em 7 de Novembro de 1716 o papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, criando o patriarcado de Lisboa, foi esta honra uma das poucas concedidas até então, pois os únicos com relevância histórica são os de Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria.

Estabeleceu-se também uma divisão eclesiástica com duas jurisdições, o arcebispado na sé velha e o patriarcado na capela real, sucedendo-lhe uma divisão administrativa, ficando a cidade ocidental com 22 freguesias e cerca de 700 ruas e duas praças a do Rossio e a do Terreiro do Paço, bem como os templos que chegavam a 124.

Na cidade oriental ficava a parte mais antiga contida dentro das muralhas, com cerca de 300 ruas, 16 freguesias e cerca de 39 igrejas, ermidas e vários conventos.

Esta divisão durou até 1740 em que foi reunificada. Sucederam-se até hoje dezasseis patriarcas à frente da Igreja lisbonense, de D. Tomás de Almeida a D. José Policarpo.

Os patriarcas de Lisboa são sempre feitos cardeais no primeiro consistório a seguir à sua nomeação para esta Sé.

Esta bula papal In suprema apostolatus solio, insere-se numa política de prestígio da coroa , procurando colocar as relações entre Portugal e Santa Sé ao nível das de outras grandes potências.

A ajuda naval acedendo aos pedidos de Clemente XI e uma faustosa embaixada enviada ao Papa, inseriu-se nesse plano diplomático de D.João V

A 8 de Julho de 1716 entrou na Santa Sé essa embaixada, liderada pelo Marquês de Fontes, D. Rodrigo de Meneses.

Esta embaixada pretendia mostrar a magnificência do Poder Real de quem dominava um vasto império. Dado o luxo e a magnitude deste cortejo, durante muitos anos nenhum outro monarca ousou enviar embaixadas ao Vaticano. Era constituída por 5 coches temáticos e 10 de acompanhamento. Três desses coches temáticos encontram-se no Museu Nacional dos Coches.

Tratou-se dum cortejo temático, tratando da conquista da navegação, das nações bárbaras vencidas e também do comércio posteriormente estabelecido.

No cortejo iam mais de 30 prelados, grande numero de pessoas de destaque, embaixadores príncipes que desfilaram em mais de 300 carruagens.

Na audiência papal, o Marquês de Fontes entregou-lhe uma carta credencial, dando-lhe conta do nascimento de D.José , lembrando também, o precioso socorro que enviara contra o "ataque do poder otomano".

D.Rodrigo de Meneses havia demorado 3 anos a preparar esta importante missão que lhe fora entregue.

Mesmo assim as relações diplomáticas com a Santa Sé não foram sanadas, mantendo-se a divergência acerca duma longa e complicada questão envolvendo o cardeal de Antioquia, Maillard de Tournon e as suas decisões sobre as interdições do culto rendido a Confúcio, que Clemente XI apoiava e que se mantinha preso em Macau, por pressão do Imperador da China.

domingo, 29 de abril de 2007

Primeira expedição naval contra os turcos-1716

(Clemente XI)

O tratado de Carlowitz assinado em Janeiro de 1699 havia deixado os turcos, como resultado duma série de guerras desastrosas em más condições. O Império Otomano vira-se forçado a ceder a Dalmácia e a Moreia ( no Peloponeso) à república de Veneza, a Transilvânia, a Hungria e a Eslovénia à Áustria, a Ucrânia à Polónia e Azov à Rússia.

A partir da subida ao trono do sultão Achmet III, em 1703, os Turcos, começaram a reorganizar o seu exército e a sua marinha, especialmente com vista à recuperação da Moreia e da Dalmácia.

Em 1715, invadiram a Moreia, que ocuparam em pouco tempo, e apoderaram-se das últimas ilhas que Veneza ainda detinha no mar Egeu, que de imediato pediu auxílio ao papa Clemente XI que tornou o pedido extensivo aos principais Reis católicos europeus.

Só D.João V respondeu ao solicitado, enviando para a Itália, em 5 de Julho de 1716 uma esquadra de nove navios sob o comando de Lopo Furtado de Mendonça, conde de Rio Grande.

Uma primeira atracagem no porto de Livorno, para receber instruções, resultou que apenas em 21 de Agosto tivessem abandonado aquele porto com destino a Corfu, que estava sendo atacada pelos turcos.

Chegaram porém tarde de mais, os turcos já haviam levantado e cerco a Corfu, eventualmente desmoralizados por efeitos duma pesada derrota que o seu exército tinha sofrido, a 5 de Agosto, na frente do Danúbio, às mãos dos Austríacos.

Como entretanto na ilha grassava uma epidemia de peste o conde de Rio Grande decidiu iniciar a viagem de regresso a Portugal. A 28 de Outubro estava de volta ao Tejo, sem ter entrado no conflito.

Como irá ver-se em futuras notas, as relações diplomáticas com a Santa Sé foram sempre da máxima importância para D.João V, desta vez não havia mais nenhuma razão de ordem militar, somente o deseja de "mostrar serviço", para que Clemente XI concedesse a si próprio e à Igreja Portuguesa títulos honoríficos que no seu entender seriam a melhor forma de prestigiar o País.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A restituição da colónia do Sacramento-1715


Desde 1680 que os portugueses tinham edificado na margem esquerda do Rio da Prata, uma Colónia a que foi dado o nome de Santíssimo Sacramento. Essas foram as instruções dadas ao governador da capitania do Rio de Janeiro, D.Manuel Lobo, com o apoio das organizações de comerciantes , desejosas de alargar o âmbito dos seus negócio com as colónias espanholas estabelecida na outra margem desse rio.

Em boa verdade o objectivo imediato desse edificação era o de continuar a participar no comércio e contrabando da prata espanhola , escoada por Buenos Aires, e em que Portugal tinha participado durante os quarenta anos que durou a condução espanhola da coroa portuguesa.

Logo que os espanhóis de Buenos Aires souberam da construção da fortaleza, atacaram-na imediatamente. A guarnição portuguesa rendeu-se em Agosto, e o seu comandante foi preso.

Abandonada desde 1705, no final do reinado de D.Pedro II, só depois da assinatura do Tratado de Utreque, os portugueses voltam a ocupar novamente a Colónia de Sacramento.

Foi de novo fundada uma nova edificação no mesmo local onde estava a anterior fortaleza, pois nada havia restado da anterior, muito embora com alguns cuidados, nomeadamente o de criar igualmente uma povoação afastada da fortificação,( para que não se atrapalhassem mutuamente), por forma a consolidar-se pela fixação de famílias á terra.

O conselheiro ultramarino Rodrigues da Costa,* recomendava o envio de 30 ou 40 casais de Trás-os-Montes, que não só soubessem cultivar a terra, como também exercer vários ofícios, em apoio aos soldados que viessem a ocupar a fortificação.

Avançava ainda que mais tarde deveriam ir casais das ilhas "onde são tantos que os não pode sustentar o pequeno terreno em que habitam".

Havia contudo que ser cuidadoso nas relações com a vizinhança espanhola, sem se abandonar a firmeza necessária para se obter o espaço necessário para consolidação da colónia, por forma a distribuir uma légua de terreno a cada casal como havia sido proposto aos transmontanos que havia partido para Sacramento.

Por outro lado existia a preocupação de impedir que os Espanhóis não se instalassem em feitorias que na prática conduzissem ao bloqueio e tornasse Sacramento, num enclave inserido entre domínios de Castela.


Afinal o Tratado de Utreque , não havia especificado com clareza, os aspectos práticos da sua consumação no terreno. Em 1718 o governador Manuel Gomes Barbosa pede esclarecimentos sobre demarcações, pois os Castelhanos haviam apertado o cerco e os Portugueses não conseguiam ir mais longe do que "um tiro de canhão" o que dificultava a distribuição de terras aos colonos.

Utreque não havia sido ainda a solução para a Colónia de Sacramento


*António Rodrigues da Costa embora jamais tivesse posto o pé numa colónia portuguesa, como a maior parte de seus colegas do Conselho Ultramarino, tornou-se e permaneceu um dos conselheiros em que a Coroa mais confiava no que dizia respeito aos assuntos coloniais.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

A Guerra dos Emboabas-(1707-1710)

Quando as notícias da descoberta de ouro em Minas Gerais se espalharam pelo Brasil e chegaram a Portugal, milhares de pessoas acorreram à região.

Claro que esse afluxo de pessoas desagradou profundamente aos paulistas, que reivindicavam a sua descoberta e consequentemente o direito ás exploração mineiras em exclusividade.

Chamavam-lhes pejorativamente emboabas ("estrangeiro" em tupi-guarani) ou seria segundo alguns, de mbuab, ou pinto calçudo, designação indígena de uma ave com pernas e pés

Entre 1708 e 1710, ocorreram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos de vários pontos do Brasil. A desordem e a insegurança facilitavam o aparecimento das escaramuças

O contrabando também imperava naquela zona, contrariando as determinações reais, que havia imposto cobrança de taxas sobre toda a mercadoria que entrasse nas Minas

O sangrento conflito, em que o medo, as traições e as vinganças pontuavam como poderosa artilharia, ao lado de pistolas, facas e setas, terminou em 1710, com a expulsão dos paulistas da área, abrindo a possibilidade para a acção da Coroa portuguesa naquele território. Formava-se a região das Minas.

Os emboabas aclamaram o riquíssimo português Manuel Nunes Viana como governador das Minas, que enriquecera com o contrabando de gado para a zona mineira.

(Manuel Nunes Viana foi um português radicado na Baía muito jovem. Ficou conhecido por actos de coragem que o levaram do sertão baiano para a região mineira onde se tornou proprietário de lucrativas lavras de ouro.

Várias lendas circulam sobre ele. O Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil alega que teria assassinado a filha, por não aprovar seu amor a um rapaz pobre; que afogava seus inimigos em uma lagoa próxima de sua fazenda; e que apressava a morte dos doentes ricos de sua região para tomar-lhes suas fortunas )(Retirado de Wilkipedia)

foi hostilizado por Manuel de Borba Gato , um dos mais respeitados paulistas da região. Nos conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas.

Um dos episódios mais importantes da Guerra dos Emboabas foi o massacre de paulistas , no chamado Capão da Traição . Nas proximidades da actual cidade de São João del-Rei, um grupo de emboabas chefiados por Bento do Amaral Coutinho,prometeu aos paulistas que lhes pouparia a vida, caso se rendessem, quando entregaram suas armas, foram massacrados impiedosamente.

Inconformados com o massacre que tinham sido vitimas à mãos do grupo liderado por Viana, os paulistas, desta vez sob liderança de Amador Bueno da Veiga, formaram um exército que tinha como objectivo vingar o massacre de Capão da Traição. Esta nova batalha durou uma semana

A guerra foi favorável os Emboabas tendo os paulistas perdido muitas possessões mineiras, mas donde se retirou a vantagem de pelo facto de terem feito explorações noutros locais, especialmente em Mato Grosso e Goiás, onde vieram a descobrir mais ouro

Estas foram as principais consequências da Guerra dos Emboabas:

  • Criação de normas que regulamentam a distribuição minas entre emboabas e paulistas.
  • Regulamentação sobre a cobrança do quinto.
  • Criação da capitania de São Paulo e das Minas Gerais, ligada directamente à Coroa, independente portanto do governo do Rio de Janeiro (3 de Novembro de 1709).
  • Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade
  • Pacificação da região das minas, com o estabelecimento do controle administrativo da metrópole.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

D.Luis da Cunha


Nasceu em Lisboa a 25 de Janeiro de 1662, e faleceu em Paris a 9 de Outubro de 1740. Formou-se em direito na Universidade de Coimbra, tendo sido ainda com 34 anos nomeado embaixador na corte de Londres, e em 1712 recebeu a nomeação de ministro plenipotenciário no congresso de Utreque, para auxiliar o conde de Tarouca, que já estava encarregado das negociações da paz.


Célebre diplomata do século XVIII, enviado extraordinário às cortes de Londres, Madrid e Paris, foi um dos maiores do seu tempo, "atravessando" com a sua influência os reinados de D.Pedro II e de D.João V, marcando também a formação de D.José, pela recomendações e ensinamentos que lhe enviou, quando ainda princípe do Brasil.

Aconselhou-o entre muitas outras coisas a que não desse o título de confessor a ninguém, pois tal função apenas servia para esse eclesiástico se imiscuir nos negócios do reino, usando o confessionário como instrumento de influência sobre o rei.

Foi D.Luís da Cunha que recomendou a D.José, o nome de Sebastião de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, para ministro do Reino.

Esse testamento político de D.Luís da Cunha foi uma das obras políticas mais lidas e conhecidas no Portugal da segunda metade do século XVIII, mesmo que só tenha circulado por meio de cópias manuscritas.

Apresentado pela primeira vez em 1815 no Observador Português ,jornal português publicado em Londres, foi impresso em livro em 1820, e só reeditado em 1943 pela «Seara Nova», havendo uma edição brasileira de 1960.

D.João V foi realmente um rei absoluto, nunca convocou Cortes, mas algumas decisões não tomava sem ouvir, alguns conselheiros que o rodeavam.Mesmo atendendo ao afastamento da corte, pelas sua funções de embaixador, não pode deixar-se de considerar D.Luís da Cunha como um dos seus conselheiros, embora o fizesse duma forma indirecta, pois não se limitou a enviar para a corte relatórios sobre actividade diplomática, abordando muitas outras questões relevantes.

As mais variadas matérias o preocupavam, desde a preparação militar, que considerava inadequada, tendo por isso participado na reestruturação operada no exército por D.João V, logo a seguir á paz de Utreque.

No âmbito da educação, aconselhou o rei a promover a criação de bolsas de estudo, mandando os melhores alunos aprender no estrangeiro, noutras Universidade, para que depois de regresso a Coimbra, pudessem utilizar esses conhecimentos no ensino a terceiros.

Este era o título do seu testamento político

«Deus não pôs os ceptros nas mãos dos príncipes
para que descansem, senão para trabalharem
no bom governo dos seus reinos.»