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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quanto custou a fidelidade ?

O reinado de D.João V, continua a ser uma época que gera grande controvérsia, uns apontado ao rei apenas o epíteto de gastador, realçando apenas a forma desbragada com que delapidou a colossal fortuna que em ouro e diamantes entrava regularmente em Portugal.

Para outros, preferem não realçar este característica mas a sua extraordinária acção em prole das mais variadas artes, quer proporcionando enriquecimento de conhecimento no exterior, quer "importando", artesãos e mestres dos mais variados ofícios e artes, que aqui desenvolvessem trabalho, semeando conhecimento e "artes de bem fazer".

Em especial os historiadores brasileiros, na sua maioria preferem sempre focar as "extorsões", que foram feitas na sua pátria, por um rei perdulário, referindo as enormes somas de dinheiro, que foram gastas por exemplo com o papado chegando a afirmar alguns que só pelo título de Fidelíssimo terão sido pagos 450 milhões de cruzados, verba que nem o nosso mal-dizente Oliveira Martins, atinge já que se fica por menos de metade.

Realmente o papa Bento XIV, deu a D. João V (e aos seus descendentes) o título de “Fidelíssimo”, aceitando a exigência do rei de ser tratado da mesma maneira que as três grandes monarquias católicas da Europa - a França, a Áustria e a Espanha - e honrou a Sé de Lisboa com o título de Patriarcal, que D.João V recebeu em 23 de Dezembro de 1748, título comparável ao dos reis franceses, o de rei Cristianíssimo.

De alguma forma, e muito embora muito dinheiro se tenha gasto, o certo é que as relações eram excelentes e se o rei obteve da Santa Sé grandes privilégios, também nunca negou o seu apoio e auxílio ao papado, sempre que solicitado, coisa que como se viu, não teve inteira correspondência, por parte de outras coroas europeias bem mais poderosas.

1 comentário:

anónimo disse...

Sei que não há má intenção no seu texto, contudo tenho de lhe dizer que os títulos e outras questões idênticas são coisas muito abalizadas e discutidas, com critérios teológicos e civilizacionais. A criação do Patriarcado, por exemplo, teve por base uma fundamentação muito bem feita por parte de Portugal e que tomou o exemplo da criação do título de "Patriarca de Veneza" (que não é um patriarcado). A criação do título de Patriarca das Índias Ocidentais (ao Arcebispo de Toledo) foi um mero título em que os espanhóis se tentaram colar ao caso português. Já a criação do Título de Patriarca das Índias Orientais (dado aos portugueses)era fundamentado no já existente título de Patriarca das Índias Ocidentais. Repare-se que todos estes são meros títulos e que apenas o Patriarca de Lisboa existe não por título mas sim por existir um efectivo Patriarcado. Isto não se faz nem com milhares de toneladas de ouro, pois a fundamentação teológica existe e é totalmente válida... o mesmo não o conseguiram fazer os espanhóis ou os franceses, por exemplo.

Quanto ao título de Fidelíssimo (ganho para a coroa de Portugal) é fruto de outra boa fundamentação que ultrapassa os motivos pelos quais a coroa "castelhana" tem o título de "Católicos"... A bem ver, é estranho como Portugal não tinha título à mais tempo!!!

Dizer que tudo isto foi comprado é assinar um comprovativo de "auto-burrice", pois toda a base REALISTA documentada pelos motivos teológicos apresentados seria deitada ao lixo. Por outro lado é querer transformar algo que é legítimo e bom em mau e capricho.

Enfim... assim vai o mundo...