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domingo, 29 de abril de 2007

Primeira expedição naval contra os turcos-1716

(Clemente XI)

O tratado de Carlowitz assinado em Janeiro de 1699 havia deixado os turcos, como resultado duma série de guerras desastrosas em más condições. O Império Otomano vira-se forçado a ceder a Dalmácia e a Moreia ( no Peloponeso) à república de Veneza, a Transilvânia, a Hungria e a Eslovénia à Áustria, a Ucrânia à Polónia e Azov à Rússia.

A partir da subida ao trono do sultão Achmet III, em 1703, os Turcos, começaram a reorganizar o seu exército e a sua marinha, especialmente com vista à recuperação da Moreia e da Dalmácia.

Em 1715, invadiram a Moreia, que ocuparam em pouco tempo, e apoderaram-se das últimas ilhas que Veneza ainda detinha no mar Egeu, que de imediato pediu auxílio ao papa Clemente XI que tornou o pedido extensivo aos principais Reis católicos europeus.

Só D.João V respondeu ao solicitado, enviando para a Itália, em 5 de Julho de 1716 uma esquadra de nove navios sob o comando de Lopo Furtado de Mendonça, conde de Rio Grande.

Uma primeira atracagem no porto de Livorno, para receber instruções, resultou que apenas em 21 de Agosto tivessem abandonado aquele porto com destino a Corfu, que estava sendo atacada pelos turcos.

Chegaram porém tarde de mais, os turcos já haviam levantado e cerco a Corfu, eventualmente desmoralizados por efeitos duma pesada derrota que o seu exército tinha sofrido, a 5 de Agosto, na frente do Danúbio, às mãos dos Austríacos.

Como entretanto na ilha grassava uma epidemia de peste o conde de Rio Grande decidiu iniciar a viagem de regresso a Portugal. A 28 de Outubro estava de volta ao Tejo, sem ter entrado no conflito.

Como irá ver-se em futuras notas, as relações diplomáticas com a Santa Sé foram sempre da máxima importância para D.João V, desta vez não havia mais nenhuma razão de ordem militar, somente o deseja de "mostrar serviço", para que Clemente XI concedesse a si próprio e à Igreja Portuguesa títulos honoríficos que no seu entender seriam a melhor forma de prestigiar o País.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A restituição da colónia do Sacramento-1715


Desde 1680 que os portugueses tinham edificado na margem esquerda do Rio da Prata, uma Colónia a que foi dado o nome de Santíssimo Sacramento. Essas foram as instruções dadas ao governador da capitania do Rio de Janeiro, D.Manuel Lobo, com o apoio das organizações de comerciantes , desejosas de alargar o âmbito dos seus negócio com as colónias espanholas estabelecida na outra margem desse rio.

Em boa verdade o objectivo imediato desse edificação era o de continuar a participar no comércio e contrabando da prata espanhola , escoada por Buenos Aires, e em que Portugal tinha participado durante os quarenta anos que durou a condução espanhola da coroa portuguesa.

Logo que os espanhóis de Buenos Aires souberam da construção da fortaleza, atacaram-na imediatamente. A guarnição portuguesa rendeu-se em Agosto, e o seu comandante foi preso.

Abandonada desde 1705, no final do reinado de D.Pedro II, só depois da assinatura do Tratado de Utreque, os portugueses voltam a ocupar novamente a Colónia de Sacramento.

Foi de novo fundada uma nova edificação no mesmo local onde estava a anterior fortaleza, pois nada havia restado da anterior, muito embora com alguns cuidados, nomeadamente o de criar igualmente uma povoação afastada da fortificação,( para que não se atrapalhassem mutuamente), por forma a consolidar-se pela fixação de famílias á terra.

O conselheiro ultramarino Rodrigues da Costa,* recomendava o envio de 30 ou 40 casais de Trás-os-Montes, que não só soubessem cultivar a terra, como também exercer vários ofícios, em apoio aos soldados que viessem a ocupar a fortificação.

Avançava ainda que mais tarde deveriam ir casais das ilhas "onde são tantos que os não pode sustentar o pequeno terreno em que habitam".

Havia contudo que ser cuidadoso nas relações com a vizinhança espanhola, sem se abandonar a firmeza necessária para se obter o espaço necessário para consolidação da colónia, por forma a distribuir uma légua de terreno a cada casal como havia sido proposto aos transmontanos que havia partido para Sacramento.

Por outro lado existia a preocupação de impedir que os Espanhóis não se instalassem em feitorias que na prática conduzissem ao bloqueio e tornasse Sacramento, num enclave inserido entre domínios de Castela.


Afinal o Tratado de Utreque , não havia especificado com clareza, os aspectos práticos da sua consumação no terreno. Em 1718 o governador Manuel Gomes Barbosa pede esclarecimentos sobre demarcações, pois os Castelhanos haviam apertado o cerco e os Portugueses não conseguiam ir mais longe do que "um tiro de canhão" o que dificultava a distribuição de terras aos colonos.

Utreque não havia sido ainda a solução para a Colónia de Sacramento


*António Rodrigues da Costa embora jamais tivesse posto o pé numa colónia portuguesa, como a maior parte de seus colegas do Conselho Ultramarino, tornou-se e permaneceu um dos conselheiros em que a Coroa mais confiava no que dizia respeito aos assuntos coloniais.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

A Guerra dos Emboabas-(1707-1710)

Quando as notícias da descoberta de ouro em Minas Gerais se espalharam pelo Brasil e chegaram a Portugal, milhares de pessoas acorreram à região.

Claro que esse afluxo de pessoas desagradou profundamente aos paulistas, que reivindicavam a sua descoberta e consequentemente o direito ás exploração mineiras em exclusividade.

Chamavam-lhes pejorativamente emboabas ("estrangeiro" em tupi-guarani) ou seria segundo alguns, de mbuab, ou pinto calçudo, designação indígena de uma ave com pernas e pés

Entre 1708 e 1710, ocorreram vários conflitos armados na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e de outro portugueses e elementos vindos de vários pontos do Brasil. A desordem e a insegurança facilitavam o aparecimento das escaramuças

O contrabando também imperava naquela zona, contrariando as determinações reais, que havia imposto cobrança de taxas sobre toda a mercadoria que entrasse nas Minas

O sangrento conflito, em que o medo, as traições e as vinganças pontuavam como poderosa artilharia, ao lado de pistolas, facas e setas, terminou em 1710, com a expulsão dos paulistas da área, abrindo a possibilidade para a acção da Coroa portuguesa naquele território. Formava-se a região das Minas.

Os emboabas aclamaram o riquíssimo português Manuel Nunes Viana como governador das Minas, que enriquecera com o contrabando de gado para a zona mineira.

(Manuel Nunes Viana foi um português radicado na Baía muito jovem. Ficou conhecido por actos de coragem que o levaram do sertão baiano para a região mineira onde se tornou proprietário de lucrativas lavras de ouro.

Várias lendas circulam sobre ele. O Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil alega que teria assassinado a filha, por não aprovar seu amor a um rapaz pobre; que afogava seus inimigos em uma lagoa próxima de sua fazenda; e que apressava a morte dos doentes ricos de sua região para tomar-lhes suas fortunas )(Retirado de Wilkipedia)

foi hostilizado por Manuel de Borba Gato , um dos mais respeitados paulistas da região. Nos conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas.

Um dos episódios mais importantes da Guerra dos Emboabas foi o massacre de paulistas , no chamado Capão da Traição . Nas proximidades da actual cidade de São João del-Rei, um grupo de emboabas chefiados por Bento do Amaral Coutinho,prometeu aos paulistas que lhes pouparia a vida, caso se rendessem, quando entregaram suas armas, foram massacrados impiedosamente.

Inconformados com o massacre que tinham sido vitimas à mãos do grupo liderado por Viana, os paulistas, desta vez sob liderança de Amador Bueno da Veiga, formaram um exército que tinha como objectivo vingar o massacre de Capão da Traição. Esta nova batalha durou uma semana

A guerra foi favorável os Emboabas tendo os paulistas perdido muitas possessões mineiras, mas donde se retirou a vantagem de pelo facto de terem feito explorações noutros locais, especialmente em Mato Grosso e Goiás, onde vieram a descobrir mais ouro

Estas foram as principais consequências da Guerra dos Emboabas:

  • Criação de normas que regulamentam a distribuição minas entre emboabas e paulistas.
  • Regulamentação sobre a cobrança do quinto.
  • Criação da capitania de São Paulo e das Minas Gerais, ligada directamente à Coroa, independente portanto do governo do Rio de Janeiro (3 de Novembro de 1709).
  • Elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade
  • Pacificação da região das minas, com o estabelecimento do controle administrativo da metrópole.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

D.Luis da Cunha


Nasceu em Lisboa a 25 de Janeiro de 1662, e faleceu em Paris a 9 de Outubro de 1740. Formou-se em direito na Universidade de Coimbra, tendo sido ainda com 34 anos nomeado embaixador na corte de Londres, e em 1712 recebeu a nomeação de ministro plenipotenciário no congresso de Utreque, para auxiliar o conde de Tarouca, que já estava encarregado das negociações da paz.


Célebre diplomata do século XVIII, enviado extraordinário às cortes de Londres, Madrid e Paris, foi um dos maiores do seu tempo, "atravessando" com a sua influência os reinados de D.Pedro II e de D.João V, marcando também a formação de D.José, pela recomendações e ensinamentos que lhe enviou, quando ainda princípe do Brasil.

Aconselhou-o entre muitas outras coisas a que não desse o título de confessor a ninguém, pois tal função apenas servia para esse eclesiástico se imiscuir nos negócios do reino, usando o confessionário como instrumento de influência sobre o rei.

Foi D.Luís da Cunha que recomendou a D.José, o nome de Sebastião de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, para ministro do Reino.

Esse testamento político de D.Luís da Cunha foi uma das obras políticas mais lidas e conhecidas no Portugal da segunda metade do século XVIII, mesmo que só tenha circulado por meio de cópias manuscritas.

Apresentado pela primeira vez em 1815 no Observador Português ,jornal português publicado em Londres, foi impresso em livro em 1820, e só reeditado em 1943 pela «Seara Nova», havendo uma edição brasileira de 1960.

D.João V foi realmente um rei absoluto, nunca convocou Cortes, mas algumas decisões não tomava sem ouvir, alguns conselheiros que o rodeavam.Mesmo atendendo ao afastamento da corte, pelas sua funções de embaixador, não pode deixar-se de considerar D.Luís da Cunha como um dos seus conselheiros, embora o fizesse duma forma indirecta, pois não se limitou a enviar para a corte relatórios sobre actividade diplomática, abordando muitas outras questões relevantes.

As mais variadas matérias o preocupavam, desde a preparação militar, que considerava inadequada, tendo por isso participado na reestruturação operada no exército por D.João V, logo a seguir á paz de Utreque.

No âmbito da educação, aconselhou o rei a promover a criação de bolsas de estudo, mandando os melhores alunos aprender no estrangeiro, noutras Universidade, para que depois de regresso a Coimbra, pudessem utilizar esses conhecimentos no ensino a terceiros.

Este era o título do seu testamento político

«Deus não pôs os ceptros nas mãos dos príncipes
para que descansem, senão para trabalharem
no bom governo dos seus reinos.»



quinta-feira, 5 de abril de 2007

Congresso de Utreque-(1712-1715)

O reinado de D.João V não regista qualquer vitória para a coligação militar a que pertencíamos, no decurso da guerra da sucessão de Espanha.

Vejamos

25-04-1707-Batalha de Almansa
26-05-1707-Capitulação de Serpa
07-05-1709-Batalha do Caia
08-06-1710-A praça de Miranda do Douro cai em poder das forças espanholas, muito embora tenha sido recuperada de novo em 15-03-1711
10-12-1710-Batalha de Vila Viçosa

Foi então assinado em 27 de Novembro de 1712 no Congresso de Utreque, um armistício com a França e Espanha, por 4 meses assinado entre D.João V, Luís XIV e Filipe V, então o novo rei de Espanha, que viria a consolidar-se em 11 de Abril do ano seguinte em Tratado de Paz e Amizade, rubricado unicamente entre D.João V e o rei de França.

A paz com a Espanha foi depois assinado em 1715 a 6 de Fevereiro ,pelo dois Reis e garantido por Jorge I de Inglaterra

Estes tratados foram impostos a todos pelo cansaço geral dos beligerantes.

D.Luís da Cunha, juntamente com o conde de Tarouca , representou com mérito os interesses portugueses em Utreque, cuja grande vantagem, para além do fim do conflito em si mesmo, consistiu na entrega a Portugal do território e colónia de Sacramento no Brasil, que havia sido atacada e conquistada no início da Guerra da Sucessão em 1704